quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Resenha - Cinema (Missão: Impossível 4 - Protocolo Fantasma)

Tom Cruise: surtado ou não merece atenção

Pôster de Missão: Impossível 4 - Protocolo Fantasma
     O público norte-americano é um tanto ingrato, o brasileiro também é, mas por aquelas bandas qualquer deslize que uma estrela cometa, por mais ínfimo que seja, é motivo de crucificação e decadência. Tom Cruise, é um deles. Tudo bem que o cara surtou na tal da Cientologia e quase esganou a Oprah Winfrey num ataque de empolgação por estar, segundo ele, apaixonado. De lá pra cá seus filmes não causaram tanto impacto como no passado e paralelo a isso o que se viu e se vê é uma legião de "haters" ou odiadores torcendo para o fracasso do cara sem nenhum motivo aparente.
     Foi assim que acompanhei os rumores do seu mais novo filme, a continuação da franquia de sucesso Missão: Impossível. Internautas alegando que o cara precisa de bengala, que não convence ninguém em um papel de ação, que é um péssimo ator e por aí vai. Bom, você pode até ter uma birra com o cara por ele ser um ícone da beleza no cinema e fazer as mulheres suspirarem cada vez que o narigudo aparece em cena, mas por favor, afirmar que o cara está velho, que não aguenta um filme de ação e que é um péssimo ator? Pegou pesado, hein? Beirando os 50 anos o cara esbanja vitalidade. Por ser uma pessoa exagerada, (ou surtado, como queira) isso acaba sendo muito positivo em suas atuações. Tom Cruise é um ator que realmente se entrega aos papéis e em filmes de ação acaba topando tudo e dispensando dublês em cenas de perigo, o que para uma estrela do naipe dele é algo digno de atenção.


Missão: Impossível - Uma franquia de sucesso

     O primeiro Missão: Impossível (Mission: Impossible, 1996), dirigido pelo aclamado Brian De Palma era uma adaptação para o cinema de uma famosa série de mesmo nome dos anos 60 (isso explica aquela música tema um tanto destoante que é a marca registrada dos longas). Ethan Hunt (Cruise) é um espião que trabalha para a IMF (Impossible Mission Force) e se vê sozinho com sua equipe para desvendar uma conspiração interna. O filme tinha um clima interessante de espionagem e cenas inesquecíveis como a invasão de Hunt numa sala de segurança máxima sensível ao som, ao toque, à temperatura e se brincar até à odores fétidos. Outra cena memorável era a do trem bala, muito bem filmada e crível. Fomos apresentados aqui às traquitanas, ou parafernalhas tecnológicas bastante criativas da IMF, como por exemplo as famigeradas máscaras e a goma de mascar explosiva.

     Missão: Impossível 2 (Mission: Impossible 2, 2000), dessa vez dirigido por John Woo, o mago dos filmes de ação ( e que tem como marcas registradas o abuso da câmera lenta e os pombos!?). Agora, coberto de expectativa, o público lotou os cinemas do mundo todo pra conferir a nova aventura de Hunt e cia. Cenas de ação alucinantes, mas um roteiro anos luz distante do primeiro filme. Muito se comentou sobre a mudança de rumo de espionagem para um filme de ação raso.

     Missão: Impossível 3 (Mission: Impossible 3, 2006), estreou no auge do surto do Tom, porém, a escolha de um belo elenco, tendo como vilão o ótimo Philip Seymour Hoffman, e a precisa direção do brilhante JJ Abrams, criador das séries Alias e Lost fez deste, na minha opinião, o melhor dos M:I. Só descartaria aquele final digno de novela das 6, algo que com certeza deve ter vindo da mente do próprio Tom, então recém casado com a Katie Holmes ( a eterna Joey do seriado Dawson's Creek).


E pra quem pensava que seria uma trilogia...

Simon Pegg como Benji - humor na medida certa
     Passados quase 6 anos, é anunciado Missão Impossível 4 - Protocolo Fantasma (Mission: Impossible 4 - Ghost Protocol, 2011), dirigido por Brad Bird, diretor de animações de sucesso como Ratatouille e Os Incríveis que faz sua estréia em um filme de atores reais. Ousadia, hein? JJ Abrams ainda estava ali, desta vez como produtor, o que apontava pra algo interessante. Fui ao cinema bastante empolgado e o que tive em troca? Um puta filme de ação. Entretenimento puro. O enredo não é lá essas coisas, na verdade chega a ser tão infantil quanto o do 2. Vilão malvado. Guerra nuclear. Ethan e cia acusados de fazer um atentado. Todos contra Ethan e sua equipe. Ethan e sua equipe sem suporte, sozinhos para enfrentar tudo e salvar o dia (que na vida dos que fazem parte da IMF significa salvar o mundo). Soa raso, hein? Mas a execução do longa encobre essa deficiência. Brad Bird merece aplausos pela sua estreia no cinema live-action. As cenas de ação são (de verdade) de tirar o fôlego. Me flagrei várias vezes com a boca aberta. Torci pelo sucesso do Hunt. E xinguei o vilão. Sabe aquele filme de ação que você via quando pirralho e quando acabava dava vontade de sair quebrando a cara de alguém, escalar prédios, atirar em tudo o que se movia? Me senti assim!

Ethan (Tom Cruise) escalando o prédio mais alto do mundo - sem dublês

Imersão total

     Que cena é aquela do Ethan escalando o Burj Khalifa em Dubai? Já tinha visto o trailer e achado demais, mas no filme a coisa é levada a uma outra proporção. Cenas como essa te dão a certeza de que o filme deve ser visto na tela grande, talvez mais de uma vez (meu caso) e se possível em IMAX. Sinceramente, ainda bem que o longa não foi filmado ou convertido para 3D. Vamos lá, né? 3D é legal e tal, mas precisa ser usado com mais cautela. Não há a mínima necessidade de se usar um óculos incômodo pra sentir um baita frio na barriga ao ver o Ethan contemplando Dubai do alto do prédio mais alto do mundo. A imersão é alcançada sem entraves.

Jeremy Renner na pele do agente William Brandt 

      Além das já citadas cenas espetaculares de ação, temos o humor em doses maiores. E numa medida muito acertada. O ator Simon Pegg, que reprisa seu papel como Benji, catalisa muito bem essa parte cômica do longa. Já a espiã da vez é encarnada pela morenaça Paula Patton, com seu semblante sempre preocupado e porte de poucos amigos. Destaque também para a boa atuação de Jeremy Renner, num personagem profundo e cheio de importância para a trama. O clima de humor ainda nos rende ótimas passagens como a mensagem secreta auto-destrutiva que não se destrói e a possibilidade inédita de ver um Ethan hesitante ao pensar várias vezes antes de realizar um perigoso salto. E pra manter a tradição, lá estão as traquitanas da IMF, com invenções sempre muito inteligentes e até possíveis de se tornar realidade. Detalhe para a cena em que Ethan e Benji utilizam um dispositivo que gera imagens renderizadas em tempo real. Inteligentíssima e hilária ao mesmo tempo.

Paula Patton como a agente Jane Carter - muita areia, hein Hunt?

      E para os que duvidaram, aí está o Tom Cruise fazendo as cenas de perigo sem dublês (o cara realmente escalou o Burj Khalifa) no auge dos seus quase 50 anos e convencendo até demais na pele de um espião de elite. Tá a fim de se divertir de verdade em um filme que não foi baseado em nenhum herói Marvel ou DC,  e que poderia ser usado como referência atual do que o cinema de ação deve ser feito? Não aguarde o dvd,  vá sentir o frio na barriga em escalar o prédio mais alto do mundo na tela grande junto com o Ethan Hunt.

Confira o trailer oficial legendado logo abaixo:

 

Um comentário:

  1. eu gostei do filme apesar que eu só assisti o 4 mesmo, nem percebi se ele era mal ator!!mas aquela cena em que ele escala o burj khalifa, realmewnte é uma cena de ouro...
    mas amei quando paula pattom luta com aquela loirinha!!!

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