domingo, 30 de junho de 2013

Resenha - Cinema (O Homem de Aço)



     É um pássaro? É um avião? Não. É o novo filme do Super-Homem! (Aquele que não usa mais a cueca por cima do uniforme).

     Quem me conhece de verdade sabe que sou um fanático pelo Super-Homem. Os filmes estrelados por Christopher Reeve foram um verdadeiro impacto na minha infância. Os dois primeiros em especial ainda são, na minha opinião, os melhores filmes de heróis de quadrinhos. 

     A história da cueca do início do texto pode até soar banal, mas tem um significado bem mais amplo. A necessidade de alterar o uniforme clássico tem ligação direta na atualização do herói setentão. Embora seja um fã declarado, não fecho os olhos para as falhas do personagem e para a dificuldade de adequação do camarada nessa atual geração de consumidores da cultura pop. Esse detalhe estético marca de fato uma nova era do herói. A desassociação com os filmes clássicos. A redenção após o fiasco de 2006.

    Fui ontem ao cinema numa sessão especial de pré-estréia. O lançamento de fato só acontecerá no próximo dia 12 de julho. Como um bom fã acompanhei todas as notícias relacionadas ao novo filme, desde a escalação do diretor Zack Snider, ao elenco estreladíssimo e a participação quase que onipresente do todo poderoso Christopher Nolan como manda-chuva produtor do longa. Com tanta expectativa e com o filme sendo lançado nos EUA antes do Brasil, confesso que fiquei tentado em dar pelo menos uma olhadela numa versão "piratex" aqui no PC. Mas segurei bem a onda, afinal de contas, este é o tipo de filme que honra a experiência de se ver um filme no cinema.

Henry Cavill e Diana Lane interpretando competentemente Clark e Martha Kent
     Sorriso de orelha a orelha na poltrona. Apagam-se as luzes. Começa o espetáculo. É a única palavra que me ocorre. O filme tem uma qualidade visual espetacular. Dá pra sentir a grandiosidade já nas primeiras cenas. Foram tantas as críticas sobre os excessos do diretor Zack Snyder quanto à sua estética e abuso de slow motion que o cara está quase irreconhecível aqui. Honestamente não me lembro de nenhuma câmera lenta nesse filme. Me lembro de presenciar exatamente o contrário. Cenas de lutas épicas de verdade. Acho inclusive que a palavra "épico" (tão repetida hoje em dia) tenha encontrado seu real significado em Homem de Aço. É bem simples: jogam o Super-Homem e o cara atravessa uns quatro ou cinco prédios. Ele rebate o golpe destruindo uma rua inteira. Isso é só a descrição de uns 8 segundos de luta. Imagine então que a porção final do filme concentra mais ou menos 1 hora de porrada nua e crua. É um verdadeiro deleite que já vale o valor do ingresso.

Novo e fantástico uniforme

     Mas e o roteiro? Bom, a história já é bem conhecida. Trata-se da origem do personagem. Tá tudo ali, o planeta Krypton se desintegrando, Kal-El sendo enviado à Terra por seus pais. A infância com seus pais adotivos e etc. Mas há uma diferença. É visível a influência "realista" do Christopher Nolan, diretor responsável pela recente trilogia do Batman nos cinemas. A sua mão é sentida aqui num tom mais intimista, eu diria até mais melancólico. As cenas no Kansas, a relação de Clark Kent com seu pai e sua mãe adotivos são emocionantes e algumas delas me deram um baita nó na garganta. Mérito para a escolha acertada de Kevin Costner e Diana Lane como Jonathan e Martha Kent. Ambos fazem um belo trabalho. Há nomes fortes pouco aproveitados, como Laurence Fishburne que interpreta o Perry White. Dá pra perceber que algumas cenas só estão ali pra fazer valer o cachê do cara, pois não há peso nenhum na trama. Amy Adams até faz a sua parte como Lois Lane, mas me parece que um pouco menos de Lois faria melhor ao filme. Russel Crowe também faz um bom trabalho na pele de Jor-El que nesse longa arregaça as mangas em cenas de ação muito bem orquestradas. E quanto ao quase novato Henry Cavill? Pois é. Tive minhas dúvidas quando soube da escalação desse cara pra interpretar Clark/Super. Vi aquele filme horrível, o Imortais, e fiquei com os dois pés atrás, mas mordi a língua. Sou defensor da opção de escalar um desconhecido para papéis como esse e o Henry fez bonito. Contido na maior parte do tempo mas demonstrando boa veia dramática em cenas arrepiantes, o cara ainda convence como o Super apresentando um físico gigante (quero saber qual é o suplemento que esse cara usou). O bicho é uma montanha. Só não vou compará-lo com o Christopher Reeve. Esse é intocável.


Christopher Reeve continua intocável como Super-Homem

     Fiquei feliz com o filme. Tem seus defeitos, com algumas cenas cansativas, outras desnecessárias. Um romance um tanto forçado, mas há muitos acertos como a explicação do "S" no peito do azulão, a escolha do vilão Zod, e um desfecho que PQP. O que foi aquilo cara? Nunca pensei que o Super-Homem teria essa atitude num filme. Demais. O lance do disfarce do Clark também é bem mais crível. Enfim, ver esse negócio no cinema é uma experiência imperdível. Não caia na roubada de ver no PC. Vale a pena aguardar até o dia 12. Ele está de volta. Deram dignidade ao maior super herói do mundo.

P.S.: Não gaste seu dinheiro com a versão em 3D. É totalmente descartável e sem profundidade.