sábado, 15 de dezembro de 2012

Oral-B 3D White Strips vale a pena?

     Gisele Bündchen vai fazer um strip. Mesmo sabendo que até o final alguma sacanagem (no mal sentido) vai acontecer, não consigo pular a tal propaganda que surgiu obrigatoriamente no início de um vídeo do Youtube. Assisto a tudo quase sem piscar, o comercial acaba como tinha de ser: nada de nudez. Se a ideia do autor era prender a atenção, ele de fato conseguiu, mas pelo menos pra mim, a associação daquilo com o novo produto da Oral-B, as fitas branqueadoras 3D White Stripes, só aconteceu um bom tempo depois. Afinal de contas, meu foco ali era outro...
     Eis que surge finalmente no Brasil, um produto já conhecido em boa parte do mundo: as tais fitas branqueadoras, que prometem um resultado quase que imediato. E de uma marca confiável como a Oral-B, coisa fina, viu?

A bela caixa do produto. Bem menor do que eu esperava.


     Adoro cuidar dos dentes. É uma coisa que eu realmente curto e faço com bastante prazer. O sorriso é uma arma muito poderosa que abre muitas portas. Devemos cuidar muito bem dele.
     Já uso os produtos da Oral-B há um bom tempo e sempre os aprovei. São de ótima qualidade. A escova CrossAction, por exemplo, têm sido o modelo de escova definitivo na minha opinião. Com tanto cuidado, é um pé no saco não ter aquela cor branca que vemos nos comerciais. Já cogitei fazer um tratamento com um profissional, mas sempre fui advertido por estar louco, por estar exagerando. Não deixa de ser verdade. É como aquele cara que tem uma gordurinha saliente bem sutil e resolve fazer uma lipo. Por que não queimar a gordura naturalmente? Faz um aeróbico aí, pô! Tentei vários "aeróbicos" - leia-se: "cremes dentais branqueadores" mas só tive decepção. Alguém aí já conseguiu algum tipo de resultado com um creme desses? Havia chegado a hora de tentar algo mais caro sério.
     Quando soube da existência desse produto, o tal do "Oral-B 3D White Strips" (mais um produto com a sigla 3D sem contexto algum no nome, eu hein), fiquei deveras animado. Antes de fazer a compra fui atrás de opiniões na internet, de pessoas normais e não daqueles "clientes satisfeitos" dos comerciais. Vi muitos relatos positivos e até vídeos de gente sorrindo à toa (hehe). Bom, fiquei convencido. Fui na farmácia e gastei quase 70 pila na caixinha azulada. Fiz tudo como estava nas instruções e fiquei confiante, já que, segundo o fabricante, os resultados eram visíveis já no terceiro dia de tratamento.

     Como muita gente deve entrar aqui com preguiça de ler as instruções dúvidas de como usar o produto, segue os passos do tratamento e algumas observações importantes:

Cada envelope contém uma cartela com duas fitas ( a superior e inferior)


1. Não precisa escovar os dentes antes de usar as fitas, basta depois;

2. Abra o envelope, retire a cartela com as duas fitas e puxe a área picotada que foi projetada especialmente pra você tirar a fita sem ficar "catando" a mesma;

3. Coloque primeiro a fita menor nos dentes inferiores e só depois a fita maior nos dentes superiores (o fabricante afirma que dessa forma são obtidos melhores resultados);

4. Não, não tem nada de errado, as fitas só cobrem os dentes mais visíveis, ela não vai branquear os dentes lá de trás;

5. Posicione as fitas alinhadamente e simetricamente. Use um espelho e vá com calma que você consegue (não precisa explicar que o lado do gel é o que vai encostar nos dentes, né?);

6. Vire a parte que sobra da fita para o lado de dentro a fim de fixar melhor a mesma;

7. Aguarde 30 minutos. Depois é só retirar, enxaguar os dentes, escová-los, como queira;

8. Faça isso 1 vez ao dia se quiser um tratamento de 14 dias ou faça isso 2 vezes ao dia se quiser um tratamento de 7 dias (meu caso);

9. Segundo o fabricante não é aconselhável fazer esse tratamento mais do que 2 vezes por ano (espero que os resultados sejam duradouros).


As tais fitas branqueadoras com peróxido de sei-lá-o-quê!


     Daí você me pergunta: e aí? Comprei a parada sem pestanejar e tirei logo uma foto do antes pra vir aqui depois do tratamento fazer uma comparação, mas não pude esconder uma pontinha de frustração. Sim, o produto funciona, embora no terceiro dia eu não tenha visto nenhuma diferença, ao final houve um clareamento mais sutil. Já tinha em mente que meus dentes eram claros dentro do padrão "real" e já tinha em mente também que não terminaria o tratamento com o sorriso do Jon Bon Jovi, mas pensei que seria algo bem mais evidente.

À esquerda antes de iniciar o tratamento e á direita após 7 dias de tratamento. Ah, e antes que venham as polêmicas, não houve nenhum tratamento de photoshop. Tentei tirar as fotos no mesmo lugar da casa na mesma hora e com flash nas duas


     Então se você está desiludido com os cremes dentais que prometem um sorriso branco de cegar a vista e quiser partir pra algo bem mais palpável vai de Oral-B 3D White Strips, dessa vez você verá algum tipo de resultado, mas não esqueça de evitar as grandes expectativas. 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Spec Ops: The Line não é game, é arte!

Uns dias de folga...

     Desde pirralho sou fissurado em videogame. Já ficou famosa a frase que a minha mãe vivia falando naquela época: "tomara que esse menino cresça logo pra parar com esse negócio". Enfim, tive de crescer e abandonar alguns negócios da infância, mas esse, o dos games, sempre esteve comigo. A explicação é simples: eu cresci e amadureci, mas o mesmo ocorreu com os jogos eletrônicos. Hoje em dia, afirmar que videogame é uma diversão infantil é atestar ignorância. As produções estão cada vez mais aprimoradas e "hollywoodianas". Na verdade até mesmo o termo "hollywoodiano", que remete ao cinema norte-americano, chega a ser inapropriado, uma vez que a indústria dos games já ultrapassou a da sétima arte há um bom tempo.
     Cá estou eu, meu novo e turbinado PC e uns dias de folga. Resolvi ir atrás de alguns games atuais pra dar aquela testada no bonitão e fazer o danado esquentar um pouco. Minha pretensão era de apenas queimar umas horas matando soldados virtuais em algum game de guerra, mas pra minha surpresa acabei tendo uma experiência inesquecível onde o game jogou na minha cara: "Quer matar? Pois aguente as consequências!"


Não é game, é arte

     A minissérie em quadrinhos "Watchmen", do cultuado escritor Alan Moore, é considerada uma das melhores obras literárias já feitas (isso mesmo, literárias). O grande mérito do cara, além de contar uma ótima história, estava em definir uma mídia. Após Watchmen, os quadrinhos nunca mais foram os mesmos e finalmente foram levados a sério. Já a sua adaptação para os cinemas pelas mãos do diretor Zack Snider não passou de um filme genérico de "heróis". O fato é que aquele enredo, saído da cabeça do Alan Moore, foi concebido para a estética e padrões da mídia "história em quadrinhos". Você ali, leitor, virando as páginas e as próprias páginas fazem parte dos elementos imprescindíveis usados para se contar a história e aprimorar toda experiência. Da mesma forma acontece nos games. O que faz deles tão fascinantes é a possibilidade de interação e de imersão que a mídia "game" oferece. Sendo assim, o enredo de um game pode parecer desinteressante pra alguém que não viveu a experiência de fato. Talvez seja exagero fazer uma comparação com Watchmen e todo o seu legado no mundo das histórias em quadrinhos, mas ao terminar de jogar Spec Ops: The Line, senti que tinha participado de algo importante. Spec Ops: The Line, não deve ser tratado apenas como um game, mas sim como uma forma de arte.

O visual incrível de Spec Ops: The Line


Se não joga poderia começar por aqui! 

     Se você não curte games ou jogava na infância e abandonou a prática por qualquer que seja o motivo, ou ainda se você simplesmente não curte a parada, aconselho experimentar, pois esse daqui pode mudar um pouco a sua opinião. Spec Ops: The Line é um game do gênero TPS (third person shooter), algo como "jogo de tiro em terceira pessoa". Trata-se de um tipo de jogo de tiro em que o personagem que você controla está ali, na sua frente (daí o nome "terceira pessoa, ele/ela, dããã"), diferente dos FPS (first person shooter) ou "jogo de tiro em primeira pessoa" em que você vê geralmente apenas as mãos do personagem, criando a sensação de que é você de fato quem está ali nos cenários virtuais.
     Trocando em miúdos o game não trás nada de novo em relação aos demais de sua categoria. Podendo deixar os mais preguiçosos bastante desapontados. Conta sim com um visual incrível, na verdade um dos melhores que vi este ano e uma trilha sonora impecável, mas no geral passaria despercebido diante de tantos títulos similares. 


O que acontece em Dubai permanece em Dubai

     Se Spec Ops: The Line, não representa uma referência enquanto jogo de tiro, é no enredo que a obra faz seu nome. Tudo se passa em Dubai, cidade megalomaníaca no meio do deserto nos Emirados Árabes. A Dubai representada no game é impecável, com todos os seus arranha-céus utópicos, porém completamente devastada por uma catástrofe natural que fez com que gigantescas tempestades de areia engolissem grande parte da mesma, isolando-a de vez do resto do mundo. Os mais ricos conseguiram sair da cidade durante as tempestades iniciais. Já os mais pobres permaneceram. O coronel do exército americano, John Konrad desobedeceu as ordens de deixar seu posto em Dubai e lá permaneceu junto com seus homens dando assistência aos sobreviventes e promovendo uma tentativa de evacuação da cidade. Após algumas semanas sem receber nenhum tipo de comunicação de Dubai, o exército americano deduz que os planos do Coronel Konrad não foram bem sucedidos e manda uma equipe de três homens do Delta Force para uma missão simples: atravessar a tempestade, entrar na cidade devastada e procurar por vestígios do Coronel Konrad e seus homens. Ao menor sinal de sobreviventes a equipe deve contactar os Estados Unidos para solicitar uma evacuação. Você controla o líder da equipe, o Capitão Walker que está acompanhado do Tenente Adams e Sargento Lugo. Esse ponto de partida já parece bastante promissor pra qualquer game de guerra, mas o brilhantismo da história está por vir.

Ao fundo Tenente Adams e Sargento Lugo. Em primeiro plano Capitão Walker naquele que pode ser considerado o momento mais chocante e ao mesmo tempo brilhante do game

Perguntas sem respostas 

     O game desafia o jogador a tomar decisões em momentos de pressão absoluta, causando uma série de dilemas morais. Você irá se perguntar: "Em quem atiro?", "Em quem confio?", "Quem é o herói?", "Quem é o culpado?" e "E se eu tivesse recuado?". O mais brilhante nisso tudo é que o game não vai responder. Você toma sua decisão e o jogo prossegue, tal qual a vida real. O questionamento e o julgamento sobre os horrores da guerra e as suas ações diante de toda a situação acontece na sua cabeça. Baseado nesse tipo de escolha o game ainda surpreende ao oferecer 4 finais diferentes baseados nas escolhas que você faz no final da história. "Qual é o final ideal?". Tá aí mais uma pergunta que você deve tentar responder.


    É bem difícil escrever aqui sem entregar os pontos chaves da trama. Adoraria discutir e levantar teorias aqui sobre o game, a sua grande reviravolta e metáforas da narrativa, mas este post tem como objetivo atiçar a curiosidade de quem não jogou ou melhor ainda, de quem não tem o hábito de jogar. Sendo assim, a quem for comentar sobre pontos importantes da trama, faça o favor de avisar com letras garrafais: "SPOILER À SEGUIR", pra que os desavisados e não iniciados possam ter o livre arbítrio de ler ou não, ok?

Trailer do game abaixo:



Site oficial: www.specopstheline.com

domingo, 2 de setembro de 2012

Resenha - Música (Bush - The Sea Of Memories)


Túnel do Tempo

Capa do novo álbum "The Sea Of Memories"
     Vanessa era uma garota louquinha de cabelos loiros mal pintados e filha de pais ricos. A garota torrava boa parte de sua mesada comprando todo tipo de CD. Era uma verdadeira punk de loja. Uma rebelde sem causa. Eu era amigo de Vanessa e ela me ajudou a moldar boa parte do meu caráter musical. Fui praticamente obrigado a ouvir o tal novo CD da tal nova banda do momento sob a alegação de ser, segundo ela, "melhor do que o Nirvana"! O álbum em questão era o Razorblade Suitcase. O ano em questão era 1996 e a banda em questão era o Bush. A primeira audição foi traumática. Ouvi a bolacha munido até os dentes de preconceito. Só enxergava uma banda tentando soar igual ao Nirvana ou pior, um vocalista tentando ser o Kurt Cobain. Entreguei o CD no dia seguinte e nem fiz a gravação em fita cassete como de costume, tamanha era a minha indiferença. Passaram-se alguns dias e algo havia acontecido. Os riffs de guitarra, as letras confusas e os sons clássicos destoantes começaram a brotar em minha memória. Algo inédito acontecia comigo. Passei a desejar ouvir novamente o CD. Precisava de uma segunda opinião. Havia algo muito estranho e extraordinário ali e só depois percebi do que se tratava. Era o Bush.


New grunge, pós-grunge, quem se importa?

     Embora o nome Bush fatalmente nos remeta ao ex-presidente norte-americano, a banda nada tem a ver com o tão querido (hehehe) político. A origem está no bairro onde o grupo vivia no início da carreira, o tal do Sheperd's Bush, situado em Londres na Inglaterra. No meio da década de 90, o movimento conhecido como grunge (que compreendia toda e qualquer banda de cabeludos com camisas de flanela oriundos da cidade de Seattle nos EUA) começava a abrir espaço também para aquelas bandas de outras partes do globo. Pode-se dizer que Bush foi uma das mais emblemáticas bandas fora desse círculo fechado, fazendo um estrondoso sucesso e escalando vorazmente as paradas com um sensacional álbum de estréia, o Sixteen Stone de 1994. A canção "Glycerine", uma espécie de balada grunge com elementos clássicos se tornou um verdadeiro hino. Frases contidas nesta canção como "you got a beautiful taste" ainda mexem comigo cada vez que a ouço. O vocalista e mentor da banda, Gavin Rossdale, surgia misterioso, com uma voz rouca e potente, muito parecida com a do Kurt Cobain, vocalista do Nirvana, banda expoente do movimento na época.
     Eis que o mundo gira, Kurt Cobain mete uma bala na cabeça, muitos se sentem órfãos e o foco agora é no chamado pós-grunge. Bush passa a viver seus dias de glória. Com o lançamento do álbum Razorblade Suitcase, em 1996, a banda consolida sua influência no mundo da música, lotando estádios e se tornando a queridinha da MTV, com clipes memoráveis e extremamente bem produzidos. O megalomaníaco vídeo do single "Greedy Fly" pode ser considerado um curta cinematográfico de alto orçamento e é lembrado como um dos vídeos mais legais daquela década (sem contar a música que é uma verdadeira porrada na cabeça). O álbum ainda contou com a ótima "Swallowed" (que tinha seu vídeo exibido à exaustão). Nessa época o Gavin engatou um romance com a gracinha da Gwen Stefani, a então vocalista do No Doubt e a história de amor dos dois atravessou os anos, continuando firme e forte até os dias de hoje. Um verdadeiro feito, se considerarmos a rotatividade amorosa das estrelas da música. Na sequência vieram turnê, trilha de filme e um álbum de remix, com as principais canções do Bush em roupagem eletrônica. Algo inusitado e até estranho, porém de muita qualidade.


Tudo que sobe...

     Após um bom tempo produzindo aquele que seria o próximo álbum, Gavin e seus comparsas entregam o álbum The Science Of Things em 1999, uma senhora evolução do som dos caras, com riffs inspiradíssimos e influência de sons eletrônicos. Havia algo errado no mundo, pois o álbum não atingiu o sucesso esperado mesmo com o single "The Chemical Between Us" e a belíssima balada "Letting The Cables Sleep" fazendo um relativo sucesso na MTV. Ao que tudo indicava o grande público não estava pronto para mudanças. Em 2001, ano do atentado ao World Trade Center (péssimo momento para vários artistas que lançaram álbuns naquele ano) o Bush tenta sua redenção lançando Golden State. Uma verdadeira volta às raízes num álbum redondo e agressivo. Ótimo álbum mas um belo de um fracasso em vendas. Durante a turnê, o guitarrista (e careca sinistro) Nigel Pulsford, resolve deixar a banda. Não precisava ser vidente pra saber onde isso chegaria. Um hiato. Ou um final prematuro.

Formação clássica do Bush. Da esquerda pra direita: Robin Goodridge (batera),  Dave Parsons (baixo), Gavin Rossdale (vocal e guitarra) e Nigel Pullsford (guitarra)

Gavin, o seu lugar é no Bush

Gavin Rossdale e Gwen Stefani, eternamente gata
     O mundo gira mesmo, hein? Quem poderia imaginar que o talentoso Gavin, aclamado por performances cheias de energia, considerado até símbolo sexual no auge de sua carreira (no auge até os mais feios se tornam atraentes), acabaria esquecido e reduzido ao "marido da Gwen Stefani". Pois é, sua mulher acabou vingando muito bem na carreira solo deixando o cara em casa, fazendo a comida, limpando os trecos e cuidando dos filhotes. Ele até que tentou. Em 2002 escreveu uma canção para o filme de ação Triplo X (XXX, 2002) - talvez a melhor coisa do filme. Todos os fãs clamavam pela volta do Bush, mas o Nigel continuava irredutível e preferia a morte do que voltar a fazer turnês. Impaciente, Gavin chutou o balde e em 2004 resolveu montar uma banda. Com o nome de Institute e lançando o álbum Distort Yourself o que se viu e se ouviu é que Gavin era mesmo a espinha dorsal do Bush. O álbum era competentíssimo e soava como um Bush revigorado, extremamente pesado com riffs alucinantes e PQP, eu adorei! Uma grande parte dos fãs queriam o verdadeiro Bush, eu mesmo embora tivesse adorado o Institute, também sentia falta. Ah, o Institute não deu nem pro começo. Nos anos seguintes o cara se aventurou no cinema fazendo pontas em alguns filmes (o mais memorável foi ao lado de Keanu Reeves em Constantine de 2005) e escrevendo para o seu primeiro álbum solo. O tão aguardado álbum do Gavin saiu em 2008, com o nome de Wanderlust e visava alçar o cara (mesmo que de forma velada) ao mundo pop. Embora ele tenha todos os requisitos para o feito, essa definitivamente não é a sua praia. Os fãs tripudiaram o álbum e essa talvez tenha sido a gota d'água para que Gavin tenha pensado em reunir a banda novamente mesmo que alguns dos integrantes não estivessem de acordo. Eu faria o mesmo.


The Sea Of Memories


     Eu, como um bom fã, esperei e esperei por esse momento. É uma sensação maravilhosa poder ouvir algo novo relacionado à banda após 10 anos. Em setembro de 2011 o Bush anuncia o seu novo álbum de inéditas. O "The Sea Of Memories". O que dizer sobre o novo álbum de uma banda do passado com metade da sua formação original? Bom, sou gato escaldado e embora as esperanças estivessem em dia, sabia lá no fundo que um retorno às raízes da banda seria algo bem distante de acontecer, afinal, isso só agradaria os fãs e me parece que o Gavin ainda se preocupa muito em conquistar as paradas de sucesso do mundo musical. Alguém por favor avisa pra ela que essa é uma guerra perdida, pelo amor de Deus! Mesmo com claras influências do seu trabalho solo (argh), fiquei muito contente com o resultado. Liguei o som no talo e comecei a sentir a pancada. Não é tão furioso, mas ainda tem coisas magníficas. A nova formação parece muito bem afiada e os novos integrantes se destacam, principalmente o guitarrista Chris Traynor, que já havia tocado com a banda durante a turnê Golden State. O cara conseguiu imprimir seu estilo muito bem entregando ótimos momentos ao álbum. O baixista Corey Britz cumpre bem o árduo papel de substituir Dave Persons. O moleque chega a surpreender nos teclados. O batera e único membro da formação original que acreditou no Gavin, Robin Goodridge, continua em forma. Sobre o Gavin é visível a sua maturidade. O cara está bem à vontade e sua voz rouca e potente continua em forma, bem como o seu dom para letras incomuns. The Sea Of Memories tenta pegar um pouco de tudo aquilo que a banda banda já produziu e adaptar à nova geração. Temos músicas irmãs ou primas de sucessos antigos. Algumas experimentações devem desagradar os fãs mais ferrenhos. Percebi uma clara influência do álbum The Science Of Things e um "oitentismo" muito bem vindo.
     Com qualidade indiscutível, The Sea Of Memories é um retorno digno, que não descaracteriza as raízes da banda ao fleratr com a nova geração. A fórmula pode até não dar muito certo e o sucesso comercial não ser o esperado, mas o Bush ainda empolga e muito.

Formação atual do Bush. Da esquerda pra direita: Robin Goodridge (batera),  Chris Traynor (guitarra), Corey Britz (baixo) e Gavin Rossdale (vocal e guitarra)


Faixa a Faixa

01. The Mirror Of The Signs
PQP! Que bela escolha para se iniciar um álbum! Essa canção é simplesmente animal! Aqui temos um Bush altamente revigorado, pronto para as novas gerações. Ouvir essa canção assim de cara me fez ter as melhores expectativas para o resto do álbum. Se esse é o novo Bush pode vir com tudo!

02. The Sound Of Winter
Impossível ouvir essa canção e não lembrar de "A Tendency To Start Fires" do "Razorblade Suitcase". Plagiar a si mesmo pode, né? Cara, esse Chris Traynor tirou onda, hein? Muita coragem a dele demonstrar tanta personalidade. Mais uma música competente (o vídeo tá lá embaixo).

03. All My Life
Mais uma excelente canção e logo de cara mais uma demonstração de personalidade do Chris. Sua guitarra parece estar na frente de todo mundo. Me agradou muito.

04. Afterlife
Quanta diferença! Essa versão final está "beeeem" diferente daquela que saiu meses antes do lançamento do álbum, hein? O que pra mim foi uma grande broxada na época agora de cara se tornou uma das melhores do álbum. O baixo recebeu o peso que merecia e o tom dançante ficou menos escrachado. O resultado é mais uma canção que flerta com a nova geração e que se distancia bastante das raízes do Bush, mas tem uma energia fantástica que merece muita atenção. Em tempo, gostaria de saber de onde o Gavin tira frases como "Don't let the bed bite". Demais!

05. All Night Doctors
É uma espécie de revisitação à consagrada "Glycerine". Detalhe para a semelhança da guitarra suja do Gavin permeando toda a canção. Quem encara os pianos é o baixista Corey Britz (ex-The Calling) que demonstra um baita talento com as teclas, dando uma atmosfera bem intimista e inusitada à canção. A letra é um espetáculo á parte. Procure pela tradução se puder e entenda porque sou fã.

06. Baby Come Home
PQP mais uma vez! Esse Chris ganhou meu respeito e admiração imediatos. Que entrada animal! Que riff belíssimo. Que viagem oitentista! E cara, que música! Ponto altíssimo do álbum (Confere o clipe lá embaixo, faz favor). Trechos como "Shall we dance before the ambulance comes" me faz repetir: De onde o Gavin tira uma parada dessas? Genial! Ah, senti uma leve semelhança com "The People That We Love" do álbum "The Golden State", nas partes que antecedem os refrões.

07. Red Light
Ufa, depois de uma pérola, vem essa genérica canção. Bem distante do Bush, mais voltada pro trabalho solo do Gavin. Soa como um U2 feliz. Não compromete o álbum, mas dá uma certa quebrada no ritmo estonteante que vinha sendo construído até então.

08. She's a Stallion
Essa música me deixou muito puto! Após uma introdução de quase 40 segundos, cheia de emoção que mais parecia uma preparação para uma explosão nuclear, vem um riff até interessante, mas completamente enfraquecido pelos gritinhos de Rick Martin do Gavin. Pô, cara! Estragou a música que tinha um potencial muito bacana, com uma letra bem interessante. Não desceu muito bem não!

09. I Believe In You
I Believe In You mais parece uma sobra de estúdio do álbum solo do Gavin com um tapa pra se adequar a um álbum com o peso do nome Bush estampado nele. Resultado: temos um riff animal e um refrão estonteante, mas há uma certa quebra no meio disso tudo. Um ar melódico que denuncia sua possível origem. Diferente da primeira faixa do álbum, essa é a experimentação do Bush tradicional com o Bush moderno que não dá certo na minha opinião.

10. Stand Up
Opa! Finalmente! Não, o peso não voltou. O álbum ainda soa estranho, mas essa daqui, dentro desse novo conceito é muito bem vinda. Há um certo peso e melodia que denunciam que ali, atrás disso tudo existem músicos de primeira. A letra é uma das mais legais que ouvi nos últimos tempos (mais uma pra você procurar a tradução o quanto antes). Gavin em ótima forma.

11. The Heart Of The Matter 
Mais um aparente legado do álbum solo do Gavin. Temos a sonoridade do Bush, seu baixo marcante, batera competente e um riff mais domesticado mas não passa de mais uma canção genérica.

12. Be Still My Love
Um final decente! Um retorno à uma atmosfera já visitada. Consigo sentir nuances de "40 Miles from the Sun" do álbum "The Science Of Things" e de "Inflatable" do "The Golden State". Ótimo trabalho do batera Robin Goodridge dando aquele tom estranho e um pouco desconexo que é marca registrada do Bush, que sabe muito bem como fazer baladas estranhas e tocantes (ouça e aprenda como ser romântico sem ser piegas em uma banda de rock). A frase "Our love is ocean sized" causa Déjà Vu. Na verdade o "Ocean Size" é repetido várias vezes em "All My Life" e parecem justificar o "mar de memórias" do título do álbum.


Primeiro video do novo álbum. The Sound Of Winter:




Segundo video do novo álbum. Baby Come Home:



Site oficial da banda: www.bushofficial.com

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Maquetes Eletrônicas com Cinema 4D

     Pra você que já entra aqui há um tempo ou simplesmente achou este blog por conta do título do post, vou fazer uma apresentação mais formal. Meu nome é Arnaldo Moraes. Isso mesmo. Há quem só me conheça por Júnior e confesso preferir que me chamem assim, mas em se tratando de negócios, costumo usar o nome que o meu pai me deu para dar mais credibilidade e seriedade à coisa toda. Prova disso é a minha reação quando atendo uma chamada telefônica. Se do outro lado da linha a voz fala: "Arnaldo Moraes?", logo minha entonação muda para algo mais grave: "Pois não!". Agora se a voz fala: "Júnior?", fatalmente solto um: "E aí, brother?", ou se for a minha fofinha solto um: "oi fofinha!". (Infelizmente até o fechamento deste post ninguém me ligou chamando pelo codinome "Individual" o que demonstraria interesse na minha música...sonhar não custa nada).

     Bom, era só questão de tempo pra que eu pudesse utilizar este espaço e divulgar uma parte do meu trabalho (mais conhecida como "atividade-que-paga-as-contas"). Sou formado em Design de Interiores, pelo CEFET-PB, hoje IFPB. Curso superior tecnológico com duração mínima de 3 anos (mínima mesmo, já que as greves do percurso e a monografia caprichada me renderam mais 2 anos de labuta). Em pleno desenvolvimento na época, o curso se mostrou rico em vertentes. Contrariando o que muita gente (desinformada) pensa, Design de Interiores está longe de se resumir à decoração. Na verdade abomino essa palavra. Não sou um decorador. Projeto ambientes. Conheço os meus clientes, entrevisto-os, utilizo a psicologia para absorver seus anseios e me transporto para o seu dia a dia.  Ao me ver vivendo nas suas casas, ou trabalhando nos seus escritórios, por exemplo, acabo por propor soluções inteligentes para que suas atividades possam ser feitas da forma mais otimizada e prazerosa possível. Para tanto temos conhecimento técnico de ergonomia, conforto térmico e acústico, iluminação, reforma, materiais construtivos e por fim temos aquele toque pessoal que vai fazer bem aos olhos, o chamado bom gosto. Vale lembrar que este último não necessita de um curso de 5 anos para se ter. Geralmente você já nasce com ele. 


     Por essas e outras que acabei me bandeando para a área Virtual, ou melhor dizendo, as Maquetes Virtuais, conhecidas vulgarmente por Maquetes Eletrônicas. Através dessas ferramentas fantásticas posso tornar realidade, mesmo que virtual, aqueles projetos que estão na minha cabeça e melhor ainda,  mostrar essas imagens, ou animações para os clientes e detonar de uma vez por todas aquele muro gigantesco que separa o profissional do leigo, deixando de lado termos técnicos e representações gráficas que só fazem sentido para aqueles que sentaram a bunda numa prancheta e queimaram neurônios tentando posicionar réguas paralelas numa folha de papel manteiga. Quando percebi que era possível criar objetos, ambientes, cidades e até mesmo mundos através do computador, tive certeza que esse seria o caminho a seguir. Finalmente havia encontrado um lugar onde poderia unir minhas habilidades artísticas e técnicas dentro daquele curso que com muita garra consegui terminar. Jornalismo e Publicidade, see you later...!

Modelando a minha logo no Cinema 4D
     Após grandes experiências com o AutoCAD 3D, um plug-in chamado Accurender e muitas horas de renderização em PC's com 256 mega de RAM (inacreditável mas era assim antigamente), fui introduzido no universo do 3D profissional. Conheci o grande Antonio Farias, Arquiteto e Urbanista (artista também) que me acolheu em seu escritório para um período de treinamento com o então desconhecido Cinema 4D. De aluno acabei me tornando professor e aquele programinha alemão, de nome interessante se mostrou uma baita de uma ferramenta. A facilidade em manuseá-lo, a interatividade e o resultado quase que imediato e satisfatório me tornaram um entusiasta. Hoje com pelo menos 6 anos de experiência na área e mais ou menos uns 4 anos utilizando o Cinema 4D como principal programa de modelagem e renderização, ainda me surpreendo com suas ferramentas e com o seu universo que ainda há muito a se explorar.

Imagem final após processo de render

Modelo virtual  da imagem acima
     As imagens deste post fazem parte do meu portfólio e apenas lançam uma luz ao que é possível fazer com algumas horas de dedicação. Não tenho o objetivo de comparar plataformas, até porque a minha experiência diz que não há programa melhor ou pior, há simplesmente profissionais empenhados ou preguiçosos. A sua capacidade será notada em qualquer lugar, independente da ferramenta. 











Representação de um banheiro social em desenho técnico


Imagem renderizada do banheiro acima. Qual você prefere na hora de apresentar o seu projeto ao cliente que acredita ser Planta Baixa aquela erva daninha que nasceu no meio fio próximo à garagem?





     E finalmente a você que se interessou pelo meu trabalho, posso ajudá-lo a transformar em realidade virtual sua ideia e gerar um material rico, seja qual for o objetivo.

Entre em contato!

E-mail: jotaoriginal@hotmail.com



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Andar de ônibus é bom

     Fazia um bom tempo que eu não andava de ônibus. Na verdade, desde quando tive meu primeiro automóvel, em meados de 2008, andar em coletivos se tornou uma atividade bastante rara pra mim. No final do ano passado conquistei o meu primeiro carro zero e que sensação boa é sair da concessionária num bólido virgem. Aquele cheiro de carro novo e o som do motor urrando ao ser violado com fortes estocadas no pedal direito é algo que revigora a alma (!). E não se engane, a sensação pode sim ser equiparada a uma experiência sexual. Talvez pareça exagero para você mulher, mas para nós homens, que quando crianças   balbuciamos o "vruuuum" antes mesmo de pronunciar qualquer palavra, o negócio é sério. Entenda, você ainda é a razão de nossas existências, mas por favor, não nos faça escolher.
     Voltando ao assunto, resolvi deixar meu carro na equipadora para a instalação de uns acessórios. Levo o carango cedinho a fim de agilizar o serviço e ainda assim o mecânico informa que o mesmo só terminará no meio da tarde. Sem mais, vou lá andar algumas léguas quadras a fim de me dirigir ao ponto de ônibus mais próximo. Eram cerca de 7:40 de uma manhã chuvosa em João Pessoa - PB. Nem me lembrei que essa é a hora do "rush", quando estudantes e trabalhadores utilizam o meio de transporte para chegar em seus destinos. Eu mesmo fiz isso durante toda a minha vida escolar e universitária, mas acredite: alguns anos andando apenas de carro faz você perder o jeito de como é o tal do busão. Lá estava eu, todo faceiro de bermuda e sandália de dedo (erro fatal) subindo no monstro de metal e pagando minha passagem para o inferno ônibus da linha 511 Tambaú. Passei pela roleta e pronto. Parei ali mesmo. Não havia mais espaço no ônibus pra mim. Foi no vão que compreende o final da roleta e o minusculo corredor que dá acesso ao resto do ônibus, que fiz a viagem do centro da cidade até o bairro onde resido, próximo ao litoral. Tudo graças à quantidade absurda de passageiros contidos na tal caixa de metal sobre rodas. Foi neste pequeno espaço que eu, um cara de 1,86 m de altura, me equilibrei com uma das mãos na janela (já que não há barras de apoio no teto nesta parte do ônibus) e a outra na carteira, a fim de evitar que a mesma sumisse "misteriosamente" durante a viagem. Cada pessoa que entrava no ônibus (por que o motorista insistia em abrir aquela porta a cada parada, hein?) fazia a roleta girar e lá estava eu a me contorcer para abrir passagem. A imagem logo abaixo mostra melhor qual era a minha situação, mas o impossível era possível. Custava um dedo do meu pé cada vez que ocorria, mas eu conseguia. Para cada 1 ou 2 pessoas que desciam nas paradas, haviam 3 ou 4 (às vezes 5) subindo. Na metade do percurso, já não aguentava mais e comecei a utilizar meu poder de persuasão e encarar aquelas almas que ameaçavam entrar no ônibus lotado. Confesso que consegui espantar algumas com meu olhar de ódio (ou tristeza).

Eu me espremendo entre os outros passageiros dentro do ônibus

     Fiquei com o corpo dormente, mais precisamente o ombro direito e a nádega direita. Era o momento ideal para lembrar que Deus existe, ponderar a vida, reavaliar a dimensão dos meus problemas e pensar na ex-namorada...até que um certo conforto é atingido ao lembrar com carinho do meu carrinho novo. Dos engarrafamentos dentro dele, onde pelo menos minha bunda descansa confortável. Percebi que quase toda conquista da minha vida foi suada. Há um sabor especial na conquista sofrida e havia percebido que pegar meu carrinho equipado custaria aquela viagem. Quando já estava agradecendo à Deus as intermináveis prestações do financiamento eis que a multidão se esvai e finalmente posso me acomodar num assento.
     Respirei fundo e cheguei à conclusão de que andar de ônibus é bom. Sim, é bom para:

Pagar os pecados;
Testar os limites do corpo;
Ficar por dentro dos sucessos da música popular brasileira;
Lembrar que temos dedos nos pés;
Imaginar que desodorante poderia ser fornecido de graça junto com as camisinhas pelo governo federal;

     Cheguei em casa, esperei algumas horas e liguei pra equipadora. Meu carro estava pronto. Tomei um banho, me vesti (calcei sapatos desta vez) e fui encarar mais uma vez a viagem de coletivo. Pra minha sorte já se passavam das 15:00 e o difícil horário das 14:00 já havia passado. Sossego. Escolhi um belo assento na janela, senti o ar no rosto e aproveitei o passeio. Pude contemplar prédios em sua plenitude, coisa que não consigo fazer ao volante. Pensei bastante na vida e até compus uma nova canção. Havia esquecido que era exatamente isso que eu fazia em meus tempos de estudante. Observava o mundo, as pessoas e a mim mesmo. As intermináveis viagens de ônibus me inspirava, bastava pegar um bom lugar e torcer pra gaiola não lotar. Desci com uma real vontade: deixar o carango em casa pelo menos uma vez por semana e fazer o percurso até o trabalho na "coletividade do coletivo".
     Sigo até a equipadora, avisto o meu brinquedo que parece sorrir ao perceber a presença do dono. Sento no banco macio, sinto seu cheiro de novo, ligo o novo som e sigo viagem. São quase 18:00 e começa uma chuva torrencial. Logo o trânsito vira um caos. Um ônibus lotado passa ao meu lado quase arrancando um dos meus espelhos retrovisores. Pensando bem, acho que farei a tal viagem de coletivo mensalmente...ou melhor, quando houver uma emergência...

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Resenha - Cinema (Missão: Impossível 4 - Protocolo Fantasma)

Tom Cruise: surtado ou não merece atenção

Pôster de Missão: Impossível 4 - Protocolo Fantasma
     O público norte-americano é um tanto ingrato, o brasileiro também é, mas por aquelas bandas qualquer deslize que uma estrela cometa, por mais ínfimo que seja, é motivo de crucificação e decadência. Tom Cruise, é um deles. Tudo bem que o cara surtou na tal da Cientologia e quase esganou a Oprah Winfrey num ataque de empolgação por estar, segundo ele, apaixonado. De lá pra cá seus filmes não causaram tanto impacto como no passado e paralelo a isso o que se viu e se vê é uma legião de "haters" ou odiadores torcendo para o fracasso do cara sem nenhum motivo aparente.
     Foi assim que acompanhei os rumores do seu mais novo filme, a continuação da franquia de sucesso Missão: Impossível. Internautas alegando que o cara precisa de bengala, que não convence ninguém em um papel de ação, que é um péssimo ator e por aí vai. Bom, você pode até ter uma birra com o cara por ele ser um ícone da beleza no cinema e fazer as mulheres suspirarem cada vez que o narigudo aparece em cena, mas por favor, afirmar que o cara está velho, que não aguenta um filme de ação e que é um péssimo ator? Pegou pesado, hein? Beirando os 50 anos o cara esbanja vitalidade. Por ser uma pessoa exagerada, (ou surtado, como queira) isso acaba sendo muito positivo em suas atuações. Tom Cruise é um ator que realmente se entrega aos papéis e em filmes de ação acaba topando tudo e dispensando dublês em cenas de perigo, o que para uma estrela do naipe dele é algo digno de atenção.


Missão: Impossível - Uma franquia de sucesso

     O primeiro Missão: Impossível (Mission: Impossible, 1996), dirigido pelo aclamado Brian De Palma era uma adaptação para o cinema de uma famosa série de mesmo nome dos anos 60 (isso explica aquela música tema um tanto destoante que é a marca registrada dos longas). Ethan Hunt (Cruise) é um espião que trabalha para a IMF (Impossible Mission Force) e se vê sozinho com sua equipe para desvendar uma conspiração interna. O filme tinha um clima interessante de espionagem e cenas inesquecíveis como a invasão de Hunt numa sala de segurança máxima sensível ao som, ao toque, à temperatura e se brincar até à odores fétidos. Outra cena memorável era a do trem bala, muito bem filmada e crível. Fomos apresentados aqui às traquitanas, ou parafernalhas tecnológicas bastante criativas da IMF, como por exemplo as famigeradas máscaras e a goma de mascar explosiva.

     Missão: Impossível 2 (Mission: Impossible 2, 2000), dessa vez dirigido por John Woo, o mago dos filmes de ação ( e que tem como marcas registradas o abuso da câmera lenta e os pombos!?). Agora, coberto de expectativa, o público lotou os cinemas do mundo todo pra conferir a nova aventura de Hunt e cia. Cenas de ação alucinantes, mas um roteiro anos luz distante do primeiro filme. Muito se comentou sobre a mudança de rumo de espionagem para um filme de ação raso.

     Missão: Impossível 3 (Mission: Impossible 3, 2006), estreou no auge do surto do Tom, porém, a escolha de um belo elenco, tendo como vilão o ótimo Philip Seymour Hoffman, e a precisa direção do brilhante JJ Abrams, criador das séries Alias e Lost fez deste, na minha opinião, o melhor dos M:I. Só descartaria aquele final digno de novela das 6, algo que com certeza deve ter vindo da mente do próprio Tom, então recém casado com a Katie Holmes ( a eterna Joey do seriado Dawson's Creek).


E pra quem pensava que seria uma trilogia...

Simon Pegg como Benji - humor na medida certa
     Passados quase 6 anos, é anunciado Missão Impossível 4 - Protocolo Fantasma (Mission: Impossible 4 - Ghost Protocol, 2011), dirigido por Brad Bird, diretor de animações de sucesso como Ratatouille e Os Incríveis que faz sua estréia em um filme de atores reais. Ousadia, hein? JJ Abrams ainda estava ali, desta vez como produtor, o que apontava pra algo interessante. Fui ao cinema bastante empolgado e o que tive em troca? Um puta filme de ação. Entretenimento puro. O enredo não é lá essas coisas, na verdade chega a ser tão infantil quanto o do 2. Vilão malvado. Guerra nuclear. Ethan e cia acusados de fazer um atentado. Todos contra Ethan e sua equipe. Ethan e sua equipe sem suporte, sozinhos para enfrentar tudo e salvar o dia (que na vida dos que fazem parte da IMF significa salvar o mundo). Soa raso, hein? Mas a execução do longa encobre essa deficiência. Brad Bird merece aplausos pela sua estreia no cinema live-action. As cenas de ação são (de verdade) de tirar o fôlego. Me flagrei várias vezes com a boca aberta. Torci pelo sucesso do Hunt. E xinguei o vilão. Sabe aquele filme de ação que você via quando pirralho e quando acabava dava vontade de sair quebrando a cara de alguém, escalar prédios, atirar em tudo o que se movia? Me senti assim!

Ethan (Tom Cruise) escalando o prédio mais alto do mundo - sem dublês

Imersão total

     Que cena é aquela do Ethan escalando o Burj Khalifa em Dubai? Já tinha visto o trailer e achado demais, mas no filme a coisa é levada a uma outra proporção. Cenas como essa te dão a certeza de que o filme deve ser visto na tela grande, talvez mais de uma vez (meu caso) e se possível em IMAX. Sinceramente, ainda bem que o longa não foi filmado ou convertido para 3D. Vamos lá, né? 3D é legal e tal, mas precisa ser usado com mais cautela. Não há a mínima necessidade de se usar um óculos incômodo pra sentir um baita frio na barriga ao ver o Ethan contemplando Dubai do alto do prédio mais alto do mundo. A imersão é alcançada sem entraves.

Jeremy Renner na pele do agente William Brandt 

      Além das já citadas cenas espetaculares de ação, temos o humor em doses maiores. E numa medida muito acertada. O ator Simon Pegg, que reprisa seu papel como Benji, catalisa muito bem essa parte cômica do longa. Já a espiã da vez é encarnada pela morenaça Paula Patton, com seu semblante sempre preocupado e porte de poucos amigos. Destaque também para a boa atuação de Jeremy Renner, num personagem profundo e cheio de importância para a trama. O clima de humor ainda nos rende ótimas passagens como a mensagem secreta auto-destrutiva que não se destrói e a possibilidade inédita de ver um Ethan hesitante ao pensar várias vezes antes de realizar um perigoso salto. E pra manter a tradição, lá estão as traquitanas da IMF, com invenções sempre muito inteligentes e até possíveis de se tornar realidade. Detalhe para a cena em que Ethan e Benji utilizam um dispositivo que gera imagens renderizadas em tempo real. Inteligentíssima e hilária ao mesmo tempo.

Paula Patton como a agente Jane Carter - muita areia, hein Hunt?

      E para os que duvidaram, aí está o Tom Cruise fazendo as cenas de perigo sem dublês (o cara realmente escalou o Burj Khalifa) no auge dos seus quase 50 anos e convencendo até demais na pele de um espião de elite. Tá a fim de se divertir de verdade em um filme que não foi baseado em nenhum herói Marvel ou DC,  e que poderia ser usado como referência atual do que o cinema de ação deve ser feito? Não aguarde o dvd,  vá sentir o frio na barriga em escalar o prédio mais alto do mundo na tela grande junto com o Ethan Hunt.

Confira o trailer oficial legendado logo abaixo: