segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Resenha - Música (Red Hot Chili Peppers - I'm With You)

Capa de I'm With You
     Já faz um bom tempo desde o lançamento de Stadium Arcadium, último álbum de inéditas do Red Hot Chili Peppers. O ano era 2006. A euforia em ouvir o então mais novo trabalho da banda era incontrolável, o que me fez garimpar por todas as 28 canções através do programa de compartilhamento Kazaa. Não foi uma tarefa fácil. Lembro-me de passar um final de semana inteiro baixando tudo a uma velocidade de conexão lenta demais pra ser mencionada. Porém, o preço de pegar aquele material furtado, salvar no meu mp3 player vermelho de 2GB (ainda tenho o danado aqui em algum lugar...) e ouvir no ônibus a caminho do estágio era indescritível. O baixo do Flea atravessava os meus ouvidos, a bateria genial de Chad Smith ditava minha pulsação, a voz e trejeitos do Anthony Kiedis me levavam pra um lugar seguro e a guitarra, ah ela, me fazia ter a certeza de que John Frusciante era a personificação do "guitar hero" dos novos tempos. Aquilo que eu ouvia não era um simples álbum, era uma obra definitiva, uma espécie de "greatest hits" só que com músicas inéditas. Logo pensei: "caramba, esse será o último álbum dos caras!". Veio a turnê, veio o anúncio do hiato e veio o maior baque: a saída de John (pela segunda vez). Logo pensei: "caramba, aquele foi o último álbum dos caras!".

     Felizmente eu estava errado. A banda não acabou. Muito longe disso (acho). Lançou mês passado o álbum de inéditas "I'm With You", fez um show ousado transmitido ao vivo em cinemas espalhados por todo o mundo e já iniciou a nova turnê, passando inclusive pelo glorioso Rock In Rio (que dessa vez foi no Rio de Janeiro de fato, que maravilha, não?). Mas todo mundo, estava curioso pra saber quais rumos a banda tomaria agora que o seu guitar hero estava fora da jogada. Aliás, a maior curiosidade era saber se o jovem Josh Klinghoffer, guitarrista substituto, iria segurar as pontas.
     Primeiramente é complicado entender a saída de John Frusciante. Ao que tudo indica a coisa foi amigável, mas fica claro que há algo no ar. As pausas enigmáticas em entrevistas quando o assunto é o ex-guitarrista mostram que não é fácil abrir mão de um verdadeiro talismã. Nas últimas décadas o cara têm sido o termômetro do sucesso da banda, participando daqueles que são considerados os melhores álbuns do quarteto. Daí o Flea vai estudar música erudita, a banda viaja pela África a procura de novos sons e o Anthony deixa crescer aquele bigode ridículo...parece ou não parece coisa de namorado sentido?

Anthony e seu bigode (vai virar tendência?)


Afinal, Josh Klinghoffer, você aguenta?

     Eu não queria estar na pele desse cara (ou queria). Na verdade, quem não gostaria de ser o guitarrista de uma banda como Red Hot Chili Peppers? O problema é ser esse guitarrista depois que o John Frusciante deixou o cargo. A responsabilidade é animalesca. Acontece que aparentemente não havia escolha mais acertada pra um substituto. Josh já fazia parte da banda, sendo o guitarrista base na última turnê e amigo do John. Uma amizade sólida, já que os dois chegaram a gravar álbuns juntos fora da banda. O rapaz se esforça, faz caras e bocas, mas a impressão é de que sua guitarra não tem voz. Ao vivo chegou a ser ridícula de tão baixa e sem expressão. Mas é evidente que a sua presença na banda gerou novos rumos. Levando os caras a incluírem em seu tempero elementos mais modernos, mais experimentais e que em alguns casos destoam bem do que foi apresentado nos álbuns anteriores e isso é bom, já que o Red Hot sempre foi marcado pela sonoridade eclética e inventiva.

     O novo álbum é sofisticado, com uso de coros e pianos para mostrar canções com pegada épica. O funk ainda está lá, em algum lugar escondido no meio do açúcar. Anthony mostra ótima forma. Chad e Flea levam o álbum nas costas, sendo este último bem menos impressionante que de costume. Josh apresenta uma guitarra em pleno desenvolvimento, ora bebendo da fonte Frusciante, ora experimentando demais, preferindo solos barulhentos, sujos e confusos a algo mais melódico e memorável. Sua voz bastante feminina causa estranheza nas primeiras audições. Seu caminho ainda é longo pra cair nas graças dos fãs mais ferrenhos (eu sou um deles) mas pelo menos no álbum o cara segurou bem, já nos shows...
     I'm With You supre a ansiedade dos fãs em ter material novo do Red Hot Chili Peppers e consegue entregar boas canções mesmo com a saída de um dos pilares da banda, o que já merece respeito. Há uma evidente melancolia escondida nos refrões, uma vontade de mostrar que está tudo bem nas canções mais alegres, e que há uma saída nas mais experientais. Red Hot Chili Peppers está passando por mais uma desilusão amorosa, quer mostrar que está tudo bem e precisa ouvir dos seus fãs um "I'm With You!".


Faixa a faixa


1. Monarchy Of Roses
Ué? Tem algo errado! Isso é Anthony Kiedis? Coloquei o álbum certo pra tocar? Essas foram as perguntas que fiz ao ouvir os primeiros momentos de Monarchy Of Roses. O começo com guitarra distorcida e a voz sintetizada de Anthony dão um susto nos fãs. Algo nos remete a One Hot Minute e sua pegada mais dark, mas pouco depois do susto vem o baixo pulsado de Flea com a batera do Chad bastante familiares e estamos num local seguro. Josh faz um bom trabalho de boas vindas aqui.


2. Factory Of Faith
Tesão puro ao ouvir a genial linha de baixo do Flea nesta ótima e altamente dançante canção. Pena que esses sejam um dos poucos momentos em que o Flea realmente mostra o seu valor. Josh joga aqui praticamente o tempo inteiro na posição de guitarra base, se atendo apenas a permear a canção sem ousar interferir na cozinha de Flea e Chad.


3. Brendan's Death Song
Empatia imediata nessa balada bem melancólica. Só peca em se repetir demais.


4. Ethiopia
EAOAEAE...ficará na sua cabeça! Primeiro grande momento do álbum. Os caras humilham mais uma vez em criar essa batida quebrada de fazer qualquer aspirante a músico desistir de seguir carreira. Quase podemos imaginar o John debulhando nesta canção que tem a cara das Jams intermináveis que ele fazia com o Flea. Senti falta do cara aqui.


5. Annie Want's A Baby
Opa!!! Coisa nova, hein? Embora o riff de guitarra no início mais uma vez nos remeta ao John, a estrutura e refrão mostram um caminho novo da banda. Uma de minhas preferidas. Muito bem vinda.


6. Look Around
Algo me diz que essa é uma grande candidata pra próximo single. Pancada legal. O tipo de canção que levanta a multidão e tem a marca registrada do Red Hot: cola na sua cabeça. Note no final o Josh e sua voz ganhando destaque num final bem previsível.


7. The Adventures Of Rain Dance Maggie
Essa foi a canção escolhida pra ser o primeiro single do álbum e que você pode conferir o clipe lá embaixo. Escolher a canção que divulgará um álbum não deve ser uma tarefa fácil, mas vamos ver se essa daí cumpriu o seu papel: temos um baixo muito bem marcado pelo mestre Flea, uma bela apresentação do novo guitarrista que consegue mostrar um pouco de personalidade ao mesmo tempo que relembra a pegada do John e pra coroar ainda há um refrão desgraçado de chiclete. Acho que deu, né?


8. Did I Let You Know
Ir até a África e buscar novos ritmos teria que render algo assim, não? Se bem que bastava ouvir alguma música do Calypso (saravá) pra chegar num resultado parecido. Did I Let You Know é uma daquelas pérolas que o Red Hot entrega de tempos em tempos. Tomara que vire single e ganhe um clipe à altura. Destaques pro curioso solo de Josh (que por sinal está ótimo nesta canção), o trompete do Flea e a voz feminina no coro. Ah, não é voz de mulher, é do Josh! hehe


9. Goodbye Hooray
Uau!!! Quebrou tudo. Música urgente, com um refrão que é impossível não cantar junto. Grandes chances de levar ao delírio ao vivo. Só tem um pecado! Embora o solo de baixo seja animal, o Josh bem que podia calar a boca de um monte de gente fazendo um solo de guitarra potente aqui, não? Oportunidade perdida.


10. Hapiness Loves Company
Da mesma forma que a viajem à África gerou Did I Let You Know, as aulas de música erudita de Flea tinham de gerar algo assim. Como se não bastasse o cara debulhar o baixo de forma humilhante ainda inventa de atacar de pianista aqui. Desgraçado talentoso.A pegada épica remete às loucuras musicais que o Daniel Johns do Silverchair têm produzido ultimamente.


11. Police Station
Bela. Comovente. Ponto altíssimo do álbum. Josh numa atuação contida e adequada. Tenho de tirar o chapéu pro cara que ainda faz um belo trabalho nos vocais. Os momentos com o piano arrepia. Novos rumos do Red Hot. Amadurecimento evidente. O que um chute na bunda não faz...Vale a compra do álbum.


12. Even You Brutus
Uau de novo! Coisa nova de novo! Música urgente de novo! Épica! Anthony e seu vocal hip hop característico dos primórdios. Josh em mais uma ótima atuação e um dos refrões mais marcantes e surpreendentes do álbum. Só seu final não faz jus à canção que termina de forma abrupta e sem criatividade.


13. Meet Me At The Corner
Algumas músicas do Red Hot Chili Peppers simplesmente poderiam ficar tocando em looping o dia inteiro que eu não me importaria. Hard To Concentrate, Road Trippin', Hey e If são alguns exemplos de canções que esses caras fazem com esse poder sobrenatural sobre a minha pessoa. Compartilham entre si uma sonoridade calmante e hipnotizante. Meet Me At The Corner acaba de entrar nessa lista. O interlúdio com Josh nos vocais parece ter saído de algum álbum do MGMT, tamanha é a semelhança. Por mim fecharia o álbum com maestria justo com a guitarra do Josh dando os primeiros sinais de independência e personalidade.


14. Dance, Dance, Dance
Mais uma vez achei ter colocado o álbum errado pra tocar. Achei que era alguma música do Kings Of Leon. Semelhança gritante. Demora um pouco a engrenar. Na minha opinião poderia ter acabado com Meet  Me At The Corner.

Clipe de The Adventures Of Rain Dance Maggie




Site oficial da banda:
http://redhotchilipeppers.com/

sábado, 1 de outubro de 2011

Resenha - Cinema (Amizade Colorida)

Pôster gringo de Amizade Colorida
     De tempos em tempos é possível presenciar algumas coincidências curiosas em Hollywood. Filmes com o mesmo tema são lançados numa mesma temporada. Me lembro de um caso emblemático quando fui assistir Velocidade Máxima 2 (Speed 2: Cruise Control, 1997), que se passa num navio desgovernado com gente em pânico à deriva e água por todo lado pra logo em seguida começar a ouvir falar de um outro filme sobre um navio gigantesco que bate num iceberg e...já sabe, né? Não sei se há uma pesquisa de opinião ou se é um mero fenômeno da indústria cinematográfica, mas isso ocorreu novamente. No início do ano tivemos Sexo Sem Compromisso, (No Strings Attached, 2011), estrelado por Natalie Portman e Ashton Kutcher, contando a história de um casal de amigos que resolve fazer sexo sem compromisso (ah vá, é mesmo?) pra alguns meses depois estrear nos cinemas Amizade Colorida (Friends With Benefits, 2011), com Mila Kunis, Justin Timberlake e a mesma sinopse. Não precisa ser muito exigente pra perceber que tudo aquilo que falta em Sexo Sem Compromisso tem de sobra em Amizade Colorida. Há um casal com uma baita química, tiradas realmente engraçadas e acima de tudo, uma comédia romântica que procura não se levar tanto a sério.
     Dylan (Timberlake) é um talentoso web designer que recebe uma proposta pra trabalhar em Nova Iorque na GQ. Jamie (Kunis) é uma espécie de caça talentos, responsável por fazer o lobby entre Dylan e a empresa, além de tentar convencer o rapaz a sair da Califórnia pra aceitar o promissor trabalho. A partir dos inusitados encontros entre os dois surge uma amizade. Como cada um deles saiu de um relacionamento conturbado e não pretende se envolver emocionalmente com ninguém, aparece a brilhante ideia da tal amizade colorida em meio a garrafas vazias de cerveja. Sexo livre, sem o peso de um relacionamento? Que maravilha, não? Mas não é bem assim, isso aqui ainda é uma comédia romântica e como tal você já deve imaginar o final.

Jamie (Mila Kunis) e Dylan (Justin Timberlake) tendo uma brilhante idéia 
     Mesmo com as divertidas tiradas que visam criticar as comédias românticas, como a divertida cena em que Dylan descreve a forma que os músicos compõem as trilhas sonoras do gênero, não havia como o filme se vender sem um típico desenrolar de comédia romântica. Todos os ingredientes estão lá,  mas o trabalho do elenco, muito bem escolhido, torna a experiência leve e extremamente divertida. Temos Woody Harrelson, interpretando Tommy, o colega gay de Dylan,  Patrícia Clarkson, dando vida à Lorna, mãe maluca de Jamie e Richard Jenkins, em ótima atuação na pele de Mr. Harper, pai de Dylan. O destaque maior fica por conta da química absurda entre Mila Kunis e Justin Timberlake (este último surpreende, parecendo encontrar aqui o caminho certo pra uma atuação decente). As cenas de sexo entre os dois me causaram dor no abdome de tanto rir.
     Pode ir sem medo ao cinema conferir Amizade Colorida. A diversão está mais do que garantida. E estejam avisados sobre a grande chance da música "Closing Time" do Semisonic ficar na sua cabeça por um bom tempo.
     

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Resenha - Música (Eddie Vedder - Ukulele Songs)

Capa de Ukulele Songs - consegue imaginar um lugar
 mais calmo e/ou solitário pra se compor?
     Eddie Vedder é o cara. Qual músico em boas condições mentais ousaria gravar um álbum com apenas um instrumento? Ok, não é algo tão impossível ou inédito assim, mas imagine usar um Ukulele pra ser o protagonista da coisa toda. 
     Ukulele é uma espécie de violão pequenino de quatro cordas parecido com o nosso cavaquinho, mas com um som característico que nos remete ao Havaii. Não por acaso é mais conhecido como guitarra havaiana. E pra quem ainda não juntou o nome à pessoa, Eddie Vedder é o vocalista e principal compositor de uma bandinha que completou 20 anos de estrada. Uma tal de Pearl Jam, conhece? Bom, se você não conhece tenho uma certa pena de você, mas este novo trabalho é uma boa oportunidade de conhecer uma das vozes mais marcantes do cenário musical das últimas décadas.
     Ukulele Songs, segundo álbum solo de Eddie (o primeiro foi o imperdível "Into The Wild" em 2008)parece sintetizar a palavra intimista de maneira definitiva. Para os não iniciados ou aqueles que são fãs fervorosos das performances raivosas do Pearl Jam, a proposta pode levar ao sono. O que é bastante compreensível, já que temos um álbum de 16 canções tocadas num ukulele e interpretadas por um Eddie Vedder sem vergonha alguma de ser melacueca, porém, se você ficou curioso pra saber o que o cabeludo  aprontou com o seu novo brinquedinho musical, prepare-se pra uma grata surpresa.

Eddie Vedder e seu brinquedinho musical

     O álbum começa com "Can't Keep", canção já conhecida do Pearl Jam em versão "ukulelelística" e que você confere abaixo num belo clipe. A seguir a bolacha engrena com "Sleeping By Myself", de melodia impressionantemente carismática. "Without You", "More Than You Know", "Goodbye" e "Broken Heart" são verdadeiros achados, sendo as duas últimas legados diretos do álbum anterior. "Satelite", minha preferida, conta com uma belísima vocalização de Vedder e um refrão altamente marcante. Logo após somos presenteados com uma pérola chamada "Longing To Belong", canção que toca fundo o coração até daqueles mais brutos. O clipe dela, que está logo abaixo, é belíssimo. Após tanta emoção ouvimos um Vedder xingando ao errar uma nota de seu inusitado instrumento musical. Os 8 segundos compôem uma minúscula faixa do álbum que ganha o brilhante título de "Hey Fahkah". A seguir temos a continuação de "Longing To Belong" em "You're True", interpretada com paixão despudorada (Eddie casou-se recentemente no Havaii, isso explica muita coisa, não?). Embalados pelo som do mar temos a quase mantra "Light Today" e em seguida um baita dueto com Glen Hansard no cover "Sleepless Nights". "Once In A While" quase passa despercebida junto com a micro canção instrumental "Waving Palms" que servem de ponte pra mais um cover e outro belo dueto, dessa vez com a cantora Cat Power em "Tonight You Belong To Me" (mais uma com refrão que gruda bonito). Como se já não bastasse a enorme proeza de conseguir ser versátil apenas utilizando a voz (se bem que é a voz de Eddie Vedder, né?) e um instrumento tão peculiar, o cara ainda tira uma onda fazendo um cover pra lá de inusitado de "Dream A Little Dream", canção dos anos 30 regravada por diversos artistas e que aqui ganha a roupagem praiana de um Eddie Vedder apaixonado.
    Ukulele Songs só ressalta a inesgotável criatividade desse lobo chamado Eddie Vedder que após 20 anos de estrada parece não estar nem mesmo perto de perder o fôlego.
     Minha sugestão? Vá atrás dessa bolacha e deixe-a salva permanentemente na sua playlist. Eddie Vedder limpará sua mente nos momentos mais difíceis como esse daqui.





domingo, 24 de julho de 2011

Resenha - Música (Incubus - If Not Now, When?)

Capa do novo trabalho do Incubus
     Que honra é poder usar este espaço pra falar de uma das bandas que mais curto neste planeta. Sendo assim terei um trabalho danado pra deixar o tendenciosismo de lado.
     Sinto vergonha em adimitir que fui pego de surpresa. Embora eu seja um grande fã do Incubus, amarguei ao perceber que um monte de gente já escutava as canções do novo álbum. Após dar uma fuçada na comunidade da banda no Orkut (desculpa aí Facebook mas as comunidades do Orkut são imbatíveis) não contive a cara de perdedor ao ver que já haviam meia dúzia de tópicos com impressões sobre o tão aguardado novo álbum, intitulado "If Not Now, When?". Saí correndo atrás das novas músicas a fim de ter aquela sensação única que é ouvir-um-novo-álbum-de-uma-banda-preferida-pela-primeira-vez. Tá aí uma coisa indescritível e quase sexual! Poderia até prosseguir a resenha citando as similaridades entre a audição de um álbum de inéditas da sua banda preferida e a primeira transa com a pessoa que você ama, mas enfim...voltemos à música.


     Eufórico como sempre, a vontade que tive ao ouvir os primeiros acordes do álbum era de já correr pra cá e tecer a minha resenha. Mas aconteceu aquela coisa chata. Broxei. Essa foi a sensação da primeira audição do "If Not Now, When?". De cara pensei logo, esse é um daqueles álbuns que precisamos digerir, ouvir várias vezes até que a coisa flua. Mas não era pra ser assim, ainda mais em se tratando de Incubus. Até hoje esses caras nunca precisaram da minha boa vontade. Seus álbuns sempre começaram estourando os meus ouvidos com canções potentes e impactantes. O recado era dado: "você está ouvindo Incubus, fio". Em "If Not Now, When?, acontece o contrário. Eles te botam pra dormir. E falarei disso de forma mais detalhada lá embaixo no faixa a faixa. Ouvi, ouvi e ouvi o álbum repetidas vezes. No momento estou bem acostumado com as canções e estou curtindo pra caramba esse novo trabalho. Mas ainda estou digerindo essa proposta mais calma, quase (eu disse quase) sombria que o álbum permeia. A minha conclusão é que o Incubus (ainda) é uma das melhores bandas da atualidade. O vocal de Brandon Boyd sempre foi e continua sendo inacreditável. E assim como outros grandes nomes, essa é mais uma daquelas bandas que se dá o luxo de só ser comparada a si mesma. 


Da esqueda para a direita: Mike Einziger(guitarra),
Jose Pasillas(bateria), Ben Kenney(baixo), Brandon Boyd(vocal)
e Chris Kilmore(DJ e faz tudo)
     Agora se é pra resumir a minha impressão sobre o novo álbum lá vai:: "If Not Now, When?" é bom sim e provavelmente tocará no som do meu carro em looping até alguém me xingar, mas definitivamente este seria um dos últimos álbuns que emprestaria a um amigo que nunca ouviu falar em Incubus na vida. Pra uma situação como essa tenho o Morning View, o Make Yourself e o S.C.I.E.N.C.E.

Segue agora o faixa a faixa tradicional do blog:




01. If Not Now, When?
E a espera acabou. Após quase 6 anos sem nos brindar com um álbum novo aqui está aquela que abre a bolacha de mesmo nome. If Not Now, When? parece ser uma daquelas peças que o Incubus prega. Quando a ouvi fiquei imaginando que a qualquer momento o clima soturno e a batida pop pulsada iria dar espaço a algum riff fantástico de guitarra distorcida com uma bateria explosiva como ocorreu no trabalho anterior que iniciava com Quicksand e depois culminava com Kiss To Send Us Off (agora posso chamar o Light Grenades de "tempos bons"), mas não é o que ocorre. A cada volta para o estrofe me sentia traído. Testemunhei a canção acabar tal qual começou: Lenta e arrastada. É o anúncio de como as coisas seguirão daqui pra frente.

02. Promisses, Promisses
Ainda ávido por uma explosão fui mais uma vez levado ao chão. Mas dessa vez a coisa é muito mais interessante. Uma levada contagiante. Ótima linha de baixo e efeitos de teclado apurados. Logo pensei: hit de rádio. Pra completar os caras fizeram um clipe que arrepia tanto pela simplicidade quanto pela genialidade da coisa. (Clica lá embaixo pra conferir). Tem coisa melhor pra se ouvir no carro com a gata?

03. Friends And Lovers
A essa altura já não tinha mais nenhuma esperança de ouvir um pouco do bom e velho Incubus, ainda mais com esse nome aí. Resultado: Friends And Lovers é cult, segue a mesma linha arrastada, mas me conquistou pelo riff. Grudou na minha mente. O seu final com a bateria se sobressaindo só exalta ainda mais essa veia cult.Ainda com a gata no banco de trás do carro...

04. Thieves
Opa. Acho que ouvi uma guitarra! Thieves começa a nos levar pra perto de um lugar seguro. Começo a sentir que estou realmente ouvindo um cd do Incubus (ou pelo menos do Incubus que fez o Light Grenades). Riff de guitarra legal, linha de baixo genial e as primeiras nuances da batera do Jose Pasillas, (totalmente acanhado até o momento).

05. Isadore
Essa bateria estourada com um violão ditando o passo me lembrou o trabalho solo do Brandon Boyd que certamente inspirou esse novo cd do Incubus. Embora a introdução nos prepare pra um refrão matador, somos apresentados a algo bem mais manso, mas mesmo assim Isadore tem uma estrutura infalível e deve ser ouvida alto.

06. The Original
Ah. Sem palavras. Sei que talvez pouca gente concorde, mas The Original na minha opinião é um dos pontos fortes do álbum. Essa balada de início descompromissado e açucarada num tom quase inaceitável tem uma estrutura simplesmente brilhante. É engraçado que a guitarra nervosa que eu esperava ansioso tenha aparecido aqui. Arrepia.

07. Defiance
Bela canção bem ao estilo Mexico com apenas voz e violão. Brandon mostra que está em plena forma. Mesmo assim a canção parece deslocada no álbum o que o deixa ainda mais estranho.

08. In The Company Of Wolves
Pegou pesado, hein? Quase 8 minutos de puro arrasto? Concordo que toda grande banda em algum momento de sua carreira produz a sua ópera rock, com medleys fundindo várias músicas numa só. Ótimo instrumental, não nego. Mas é preciso um pouco de paciência e muito auto-controle pra não passar pra próxima canção.

09. Switchblade
Depois de tanta enrolação aparece algo pesado. Mas não ajudou muito. Switchblade fica tão deslocada quanto Defiance e ainda consegue ter a sua parcela de "arrasto" característico desse álbum. Tá mais pra sobra de estúdio.

10. Adolescents
Agora sim. Era disso que eu estava falando! Adolescents finalmente me levou pra perto do Incubus que eu conheço. E não por acaso foi escolhida como primeiro single que gerou o belo clipe que você confere lá embaixo (em volume alto, faz favor). Tá longe de ser o melhor single do incubus, mas a essa altura Adolescents acaba sendo um verdadeiro alívio e me fez pensar: os caras ainda sabem fazer a parada.

11. Tomorrow's Food
Já acabou? Sacanagem, hein? Então Adolescents era mesmo o ápice? PQP. Tomorrow's Food me conquistou pelas ótimas vocalizações e o clima que me remeteu à Aqueous Transmition. Mas encerra o cd com um gosto bem estranho. Lá vamos nós ouvir, ouvir e ouvir pra "digerir". Não esperava isso do Incubus, mas fazer o quê?
P.S.: Alguém percebeu que o final dessa música é tocado numa outra frequencia (a la Edit Piaf na trilha do filme A Origem - Inception, 2010) no início de If Not Now, When? Criando uma espécie de ciclo no álbum? Estaria Brandon e sua turma fazendo uso das mensagens subliminares para nos induzir a ouvir a sua estranha nova obra sem parar? hehehe




Site oficial da banda: http://www.enjoyincubus.com/

terça-feira, 31 de maio de 2011

Eu em HD!



     Já faz alguns meses que venho exercitando o meu lado escritor ao compartilhar com o resto do mundo (por que não?) os posts que tratam sobre um pouco de música, um pouco de cinema e um pouco do resto. Fiquei muito surpreso com o relativo sucesso do blog e isso me encoraja cada vez mais a contar novos casos, tecer resenhas musicais e até compartilhar episódios que colocaram minha vida em risco!

     A partir deste post pretendo mostrar também um pouco das minhas atividades artísticas por assim dizer, ou trocando em míúdos: "atividades que tendem a ficar em segundo plano por não render 1 real sequer". Quem me conhece sabe que sou um apaixonado por desenho e música. Faço as duas coisas desde muito cedo e tenho um acervo extenso de ilustrações e músicas autorais. Após comprar o meu primeiro violão, comecei a gravar algumas delas utilizando programas de edição rudimentares. Fiz o meu primeiro "álbum" dessa forma, com o título de "Individual". Foram 10 músicas autorais na base da voz e violão sobrepostos no tal programa de edição rudimentar. Esta primeira experiência rendeu um vídeo da canção "Can Cry Now" (Deus, como deu trabalho fazer aquilo) que visava unir essas duas paixões que citei, o desenho e a música.


     Com o tal vídeo conheci pessoas e fiz ótimas amizades inclusive a do grande Paulo Carvalho, músico de mão cheia nas horas vagas e que passou a ser um parceiro musical e co-fundador da nossa banda/projeto Riffex. O processo de gravação de qualquer música do Riffex é algo tão louco e igualmente interessante que com certeza terá um post dedicado a ele.

     Enfim, chegamos a atualidade. Estou gravando mais um álbum aos moldes do primeiro, com toda a parafernalha rudimentar. Como de costume fui apresentar ao Paulo uma das canções inéditas. No meio da bagunça resolvi posar de "gatinho" e servir de cobaia para as experiências cinematográficas do bicho com a sua nova câmera filmadora. As chances do vídeo ir parar no youtube não eram tão grandes assim, mas...ahhhhh...o tal do HD!!! Quem resiste a ele? A imagem é tão bela, tem uma textura tão espetacular que não me importei nem um pouco em dar a cara a tapa (afinal, seria a minha cara, mas em HD, fio!).
   
  Sem mais, eis a versão demo de "Fight For Me", nova canção autoral que fará parte desse meu novo trabalho a se chamar "One Step Back" em High Definition!!!



sábado, 21 de maio de 2011

Chery QQ - Vi, gostei e quero um!

     A essa altura do campeonato todo mundo já deve saber que a Chery é uma montadora de automóveis chinesa que está apostando suas fichas no mercado brasileiro (e que deve esconder algum plano macabro de dominação mundial). Acredito também que todos já tenham visto o comercial do simpático QQ, o carro de entrada da marca que ousa por entregar um monte de acessórios de série por um preço absurdamente justo (R$ 23.990 com frete incluso). 
     Desde meados do ano passado que venho sondando a tal concessionária de cor vermelho berrante aqui da minha cidade. Foram olhadelas constantes à bordo do meu bólido envenenado (leia-se Mille 1.0) até que finalmente resolvi parar a caranga e conhecer os carros de perto. Na ocasião havia lá os modelos Tiggo e Face. Ambos muito interessantes. Foi quando o vendedor me falou do tal QQ que estava pra vir e revolucionar o mercado. Fiquei meio descrente com a história e resolvi entrar na internet à procura de informações mais precisas sobre o tal carrinho. Fui pego de jeito pela cara do danado! Aquele sorriso e olhos espertos do QQ me desconcertaram. Fiquei muito, mas muito curioso para conhecê-lo. Pareceu-me boa pessoa. Fui me informando cada vez mais e alimentando uma curiosidade e expectativa sem tamanho que finalmente chegou ao fim. Sim, tive meu primeiro contato com o QQ e a primeira impressão foi ótima! Ele realmente parece ser boa gente!

A carinha feliz do Chery QQ

Vendedor estressado

Passei pela concessionária e mesmo sem ver o QQ entre os carros do salão resolvi entrar para apresentar a loja a um amigo. Fomos muito mal recebidos. Andamos por entre os carros, abrimos as portas, entramos e depois de alguns minutos de vácuo total aproxima-se um vendedor com uma cara triste e cansada. Será que alguém avisou que ele está vendendo carros e não urnas funerárias? Cadê o sorriso no rosto que o QQ estampa tão gentilmente? As perguntas eram feitas por mim e as respostas do vendedor eram sempre ríspidas e quase monossilábicas. Após os rápidos minutos de diálogo fiquei sabendo o preço final e a espera de pelo menos 70 dias pra ter o carro nas mãos, além da informação de que o QQ estaria no Show Room na próxima semana para apreciação pública.

A traseira que lembra a do antigo Corsa é bem mais aceitável pessoalmente

Todo faceiro, ele olhou pra mim

Após tanta simpatia do vendedor (hum), fomos em direção ao meu carro e demos o fora dali, porém ao fazer a volta por trás do edifício acabei passando pela área de oficina da loja e pelo rabo do olho notei algo a me olhar. Era o QQ! Reduzi e disse para o meu amigo: ele já tá aqui! Meu amigo sem entender muito bem respondeu: ele quem? Estacionei e fui em direção à oficina e pra minha surpresa era verdade. Lá estava um QQ, sendo lavado e aspirado para ser entregue a mais um dono. Fiquei deveras chateado pelo fato do vendedor não informar, percebendo o meu interesse, que havia um exemplar do QQ na parte de trás da loja e um representante da Chery devidamente trajado (e com um verdadeiro sorriso de vendedor) disposto a tirar todas as minhas dúvidas.


Não tem sensor de ré? Como assim?

Tentarei ser breve: Ar condicionado, direção hidráulica, freio ABS, air bag, 4 portas, vidros elétricos (em todas as 4 portas), painel digital, som com entrada de cartão SD e USB, ajuste elétrico dos faróis e retrovisores, iluminação interna do porta malas, motor 1.1 litro, farol de neblina, limpador traseiro e mais alguns ítens que eu devo estar esquecendo fazem parte do conjunto de acessórios DE SÉRIE do QQ que ainda conta com garantia de 3 anos. Senti falta do sensor de ré que havia sido anunciado em publicações especializadas que contava com aviso sonoro e visual através de um display fixado na parte de trás do carro que refletia para o espelho retrovisor mostrando os centímetros em relação ao obstáculo. Ao questionar sobre a falta do tal acessório, fui interrompido por uma cliente que disse: pra que sensor de ré? Ele é tão pequenino! Concordo, mas eu esperava parar um dia de fazer a piadinha recorrente de assobiar imitando um sensor de ré cada vez que estivesse manobrando o meu Mille numa vaga apertada.

Painel digital! Pode?

É Ching Ling?

É inevitável não lembrar de alguns produtos também chineses que estão aí comprovando a um bom tempo a cultura de: múltiplas funções + preço baixo + fragilidade. Não dá pra colocar as mãos no fogo com os carros da Chery, mas esse receio deve ser justificado pela novidade da marca e sua natural aceitação que deve ser conquistada por testes e mais testes e não por puro preconceito. Os chineses parecem realmente estar nos trilhos e se esforçando para garantir um grau alto de satisfação de seus novos clientes e a cada lançamento a qualidade de seus carros parecem chegar num patamar já distante de seus concorrentes "locais". Vide inclusive o bastante interessante J3 da também chinesa montadora JAC. Toda essa concorrência tende a mudar a postura das grandes montadoras locais para começar a oferecer mais ítens de qualidade em seus carros e principalmente mostrar um preço que realmente seja "popular". Todos nós tendemos a ganhar ou você ainda quer cair na conversa de que encosto de cabeça em banco traseiro é acessório opcional?

Interior do QQ em cores claras

Quero um!

Fiquei realmente surpreso e tive boa parte das minhas expectativas alcançadas com esse primeiro e breve encontro. O compacto é realmente compacto e o seu porta malas é mínimo. A traseira não faz uma comunicação muito harmônica com a dianteira, mas é bem mais aceitável do que nas fotos. As rodas são pequenas e o jeito que arrumaram de embelezá-las foi bem brasileiro. Procure ver como ficou! (hehe). Ainda há muito o que se provar. Diz a lenda que ele faz 18 km/litro. Alguém já confirma? E a suspensão? Os chineses se lembraram da nossa buraqueira? Deixemos isso para um segundo encontro. Mas pelo menos até o momento esse carrinho já me pegou de jeito.

P.S.: Ei Chery! Me ajuda aí! Posso fazer um jingle pro QQ, ou ser um garoto propaganda do "carro sorriso". Mas também serve se vocês me derem um pra que eu faça um diário de bordo de uns...vamos ver...5 anos, ok? :D

ATUALIZADO: Atenção para o preço praticado nas concessionárias. O valor do QQ é sugerido pela Chery por R$ 22.990,00. Qualquer valor acima disso deve ser negociado e possivelmente resultado de ágio.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Resenha - Cinema (Velozes e Furiosos 5 - Operação Rio)



Vin Diesel e Dwayne "The Rock" Johnson.
 Galerinha tá abusando do Monster Extreme Black, hein?

      Essa vida atribulada. Essa correria desenfreada. Esse sentimento de urgência. Tudo isso e mais alguns fatores nos levam a medir com menos rigor a qualidade de tudo o que nos é apresentado como "arte". A prova mais concreta de que vivemos tempos difíceis no que diz respeito à criatividade dos chamados "artistas", é quando pegamos aquela música ou filme que metemos o pau há uns 3 ou 4 anos atrás e hoje acabamos elevando-os ao status de obra prima quando comparados aos materiais recentes.
    
     Sendo assim, após assistir ao "Velozes e Furiosos 5 - Operação Rio" (Fast Five, 2011) acho que já posso me acostumar com a idéia de que Vin Diesel e Dwayne Johnson (The Rock para os desinformados) são os Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger dessa era,
    
     Quando vi o primeiro Velozes e Furiosos (The Fast and The Furious, 2001)  me lembro de ter curtido bastante. Os carros, o ambiente ilegal dos rachas, a música, as mulheres, as tomadas impossíveis dentro de cilindros e afins, tudo era bem interessante. Mas sempre houve uma coisa que nunca me descia: o filme é um plágio sem vergonha do clássico "Caçadores de Emoção" (Point Break, 1991). Mas tudo bem, não adiantava me espernear. O sucesso era fato e todo mundo curtia aquele universo. As inevitáveis (e péssimas) continuações surgiram, confirmando a minha teoria do primeiro parágrafo. Foram as continuações de Velozes e Furiosos que fizeram do primeiro filme uma obra de arte. Mas felizmente com esse atual Velozes temos uma grata surpresa.

Caçadores de Emoção - Troque as pranchas de surf
por bólidos envenenados e terá o primeiro
 Velozes e Furiosos
     Velozes e Furiosos 5 apresenta muitos problemas. O maior deles deve ser percebido principalmente por nós brasileiros. A falta de comprometimento do filme em retratar a cidade do Rio de Janeiro com o mínimo de fidelidade causa até revolta. Há uma cena na favela que corta pra um trem num deserto. Onde será isso? A pergunta é respondida se você olhar pra uma logo do mapa do Brasil estampada nas poltronas do tal trem. Pois é meu camarada. Há um deserto no Rio. Nesse momento ou você se faz de doido e curte o filme ou sai do cinema, porque isso é só o começo. Como optei pela primeira opção, logo estava envolvido pelas cenas impossíveis e esboçando um sorrisão no rosto. O rumo que o filme tomou acabou me agradando bastante. Tá tudo lá. Os carros, o ambiente ilegal dos rachas, as mulheres, mas todos em segundo plano. O mote do filme gira em torno de um assalto ao estilo "Onze Homens e Um Segredo" que na minha opinião levou a história pra um patamar bem mais envolvente e até inteligente (leia "inteligente" no contexto Velozes e Furiosos de ser). A grande quantidade de personagens, coisa que acaba atrapalhando em alguns filmes, acabou sendo muito bem explorada. Todos tem seus momentos de glória. Contribuindo de alguma forma para o andamento do roteiro. E lógico, tem o ponto mais "cool" da película que é o duelo entre os dois brutamontes da atualidade. Vin Diesel melhorando na sua atuação, ficando cada vez mais carismático e o Dwayne "The Rock" Johnson com o seu carisma nato quebrando tudo da melhor maneira que sabe fazer. A inevitável briga entre os dois é de primeira e até nos dá um certo aperitivo daquilo que seria um confronto entre os já citados Stallone e Arnold.


Toda a gangue reunida!

     Se você está de bom humor e quer ir ao cinema ver um filme eletrizante que te fará sorrir de orelha a orelha com tudo aquilo que o cinema brucutu pode oferecer, vai fundo, ou melhor, pisa fundo, Velozes e Furiosos 5 é diversão mais do que garantida!

À propósito, não custa ficar mais um pouco na sala e ver a cena extra após os créditos. A espera vale a pena.


sexta-feira, 29 de abril de 2011

Paula Fernandes e o seu "reconhecimento nacional"

     Não vou começar o texto de forma previsível contando que já conhecia a Paula Fernandes antes do seu merecido "reconhecimento nacional". Na verdade a sua voz já me era bastante familiar, pois mesmo sem assistir às famigeradas novelas da rede Globo, é inevitável não ouvir "por tabela" os temas que embalam seus personagens. E essa cantora mineira já teve suas canções em pelo menos 3 folhetins globais. Sendo assim, sou parte da grande parcela que só conheceu a dona da voz recentemente. E ao ver que a dona da voz é uma garota (ela só tem 26 anos) tão bela fisicamente, fico refletindo sobre o que é necessário pra se fazer sucesso por aqui. A detentora de uma das vozes mais impressionantes do cenário musical da atualidade finalmente só obteve o tal reconhecimento após sua aparição no programa de final de ano do Roberto Carlos. Que coisa hein? Sou obrigado a concordar com um comentário de um internauta no Youtube que disse que se ela tivesse nascido em outro país já seria "diva".
     Não sou um fã do estilão "country" que ela segue - já se deram ao trabalho de inaugurar uma nova modalidade pra encaixá-la, o tal do "pop rural" (como se já não bastasse o "sertanejo universitário") - mas é impossível não admirar o seu talento. Paula Fernandes tem uma voz segura, adulta, de diva mesmo. Quando ela canta, além de passar uma espantosa segurança (não se enganem, ela já tem mais de 10 anos de carreira) ela o faz com naturalidade. Sua face não se desfigura, sua expressão é de calmaria e vez ou outra a desgraçada nos brinda com o seu belíssimo sorriso. É uma covardia sem tamanho. Assim como alguns craques da bola fazem com o futebol, Paula Fernandes é o tipo de cantora que faz parecer que cantar é algo fácil. Sua voz extremamente natural vai lhe dar uma carreira longa. Não há excessos por aqui. Ela não precisa exagerar como os candidatos do "Ídolos" que abusam da "pirotecnia vocal".  Ela faz a sua parte e é exata. Encanta, arrepia e finalmente apaixona.
     Que o Brasil abra seus ouvidos e dêem espaço pra essa verdadeira cantora. Que ela estoure de ponta a ponta e consolide sua já longa carreira ganhando também o mundo. Essa sim tem chances indiscutíveis de fazer um baita sucesso lá fora.
     Por fim te convido a assistir uma recente entrevista que ela deu no Programa do Jô e te desafio a não se arrepiar com o cover de "Dust In The Wind" que ela fez no final. Para os mais afoitos é só adiantar para os 13:30 do vídeo e conferir a preciosidade. Enfim, não tenho mais palavras.
    

quinta-feira, 31 de março de 2011

1000 cigarros

     Nessa nossa passagem pelo mundo vamos adquirindo conhecimento (grande parte inútil) e assim colecionamos as famosas "lições de vida". Todo mundo tem uma grande lição pra contar, casos dramáticos, alguns pouco prováveis, mas todos motivos de reflexão que nos fazem ter mais amor pela vida e agradecer por estarmos pisando nesse planeta.
     Lembro-me da primeira vez que o termo "lição de vida" finalmente fez sentido pra mim. Não foi nada cinematográfico, mas muito marcante, exatamente pela simplicidade do episódio e a "loucura inspiradora" do personagem.
     Era uma tarde ensolarada na minha cidade natal. Eu ainda era um pirralho que acompanhava a minha mãe em suas idas pelo centro da cidade com a mão apoiada em seu ombro - como a minha mãe era alta naquela época - e a fazia resmungar de instante em instante por causa do peso que eu produzia e que provavelmente desequilibrava o seu andar elegante. Ô Deus! Abençõe a paciência das mães! Como eu fazia perguntas, como eu a tirava do sério e ainda conseguia ser tratado (quase) sempre com carinho. Confesso que se eu tivesse me criado eu teria dado uns belos sopapos pra eu tomar jeito!
     Mas voltando ao foco, lá estávamos eu e minha mãe adentrando o banco para resolver algumas pendências e a figura de um mendigo sentado na calçada chamou a nossa atenção. As pessoas o cumprimentavam, funcionários do banco, transeuntes avulsos e até mesmo outros mendigos, enfim, era um cara respeitado em seu meio. O fedor o antecipava. Unhas enormes, barba e cabelos grisalhos e totalmente desgrenhados. A pele negra, coberta por várias roupas sobrepostas,  às vezes tinha uma tonalidade cinza que ajudava a manter camuflada a sujeira impregnada e já incorporada do homem cuja idade era impossível precisar. Eu na minha inocência de menino o julgava com mais de 100 anos e esse também era o meu palpite para a idade do seu último banho. 
     Embora essas características fossem suficientes para notar a presença do indivíduo, outro fato chamava mais a atenção. O fétido homem trazia consigo uma saca, dessas que armazenam feijão, com 1/4 de sua capacidade cheia de bitucas de cigarro. Vez ou outra o homem despejava o conteúdo ali mesmo na calçada, tateava e escolhia com propriedade, levava o filtro usado até a boca e o acendia. Após duas ou três tragadas apagava o que restava do cigarro e o devolvia para a sua morada voltando a repetir o processo inúmeras vezes. Na saída do banco, minha mãe que era fumante - e quem não era nos anos 80? - se sensibilizou com o mendigo. Aproximou do homem e (numa atitude nobre para um fumante) retirou um cigarro novinho em folha e o ofereceu como quem oferece um pedaço de filé alto e suculento pra um retirante da seca que come farinha com charque. Sem nenhum sinal de abalo com a cena, o homem de olhar louco olhou pra minha mãe e disse: "Pra quê? Com tanto?", ou traduzindo: "Obrigado senhora, já tenho o suficiente aqui". A minha mãe sorriu surpresa com a atitude do mendigo e comentou com um cidadão que assistia tudo de soslaio: "Que lição de vida, hein?".

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Resenha - Cinema (127 Horas)

O belíssimo pôster de 127 Horas
     127 Horas (127 Hours, 2010) conta a história de um escalador que em uma de suas aventuras acaba em apuros ficando...espera aí! Você ainda não viu o filme? Você sabia que o mesmo é baseado em uma incrível história real? Bom, se a resposta foi negativa para ambas as perguntas é melhor parar por aqui. Vá ao cinema, aprecie essa ótima obra e só então volte aqui pra deixar um comentário.
     Escrevo isso porque fui vítima da falta de respeito de alguns críticos que revelam em seus textos as cenas chave do filme sem aviso prévio. Eu sei que se trata de uma história real e basta ler alguma nota a respeito do ocorrido pra se ligar no que será apresentado no longa, mas nesse caso a ignorância será muito bem vinda. Se ainda assim você quiser saber um pouco mais, vai em frente. Não irei entregar nada que não esteja nos trailers (se bem que trailers ultimamente entregam 90% dos filmes).
    
     O diretor Danny Boyle, vencedor do Oscar 2009 de melhor diretor pelo seu Quem Quer Ser Um Milionário? (Slumdog Millionaire, 2008), transporta para a tela o episódio real de Aron Ralston, um jovem engenheiro com o hobby de escalador, que em uma de suas aventuras no Bluejohn Canyon em Utah - EUA acabou preso por uma rocha em uma fenda nas montanhas. As 127 horas de agonia e luta por sobrevivência foram documentadas pelo próprio Aron com sua câmera filmadora. O caso correu o mundo. Nas mãos de um diretor furreca em uma produção feita diretamente para DVD, a história de Aron Ralston poderia resultar em um filme com trilha sonora melodramática e cenas de forte apelo ao estilo "mexicano". Mas, felizmente estamos em uma produção bem cuidada e com a condução de um diretor ganhador de Oscar. O caminho usado foi o inverso. A trilha sonora é eletrizante, a montagem (com a tela dividida em 3 partes) é dinâmica e a fotografia é nada menos que espetacular. Outro ponto marcante da película são as tomadas impossíveis, dentro de garrafas, canudos e até mesmo dentro do corpo do protagonista. Tudo parece ter sido feito para combinar com a personalidade do Aron, interpretado brilhantemente pelo astro James Franco, mais conhecido como o Harry Osborn da trilogia do Homem-Aranha. Danny Boyle deu um verdadeiro presente ao James que pôde fazer o seu "monólogo entre rochas" e mostrar todo o seu potencial como ator. Potencial esse que chamou a atenção da academia e o fez ganhar uma indicação de melhor ator para o Oscar desse ano.

James Franco na pele de Aron Ralston numa situação "filha da mãe"

     Não é fácil fazer um longa que se passa quase que exclusivamente "entre rochas". A história poderia ser contada em um episódio de "Sobrevivi" com meia hora de duração. Danny Boyle esticou a fita até onde não podia mais e criou um elo interessante entre a situação atual do personagem, preso na montanha, e suas mais belas lembranças anteriores ao acontecido. A atmosfera dinâmica sem pieguice às vezes até faz brotar sorrisos em meio a uma situação tão filha da mãe, mas quando é a hora do momento chave do filme não há perdão. Você acaba totalmente preso junto com o Aron naquela fenda e se conseguir assistir a cena até o fim sentirá belos calafrios. Por isso mantenha sua ignorãncia intacta até o final do filme e saia da fenda, ops, do cinema com uma outra percepção da vida. Só um animal sem coração e nervos irá ficar indiferente a esse impressionate episódio.

O verdadeiro Aron Ralston em auto retrato na fenda

Para os ainda mais curiosos segue o teaser trailer do filme. Optei pelo teaser, pois o trailer final é cheio de cenas interessantes que merecem ser vistas NO filme.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Avassaladores - Sou Foda (não recomendo, mas você vai ver)

     Se você ainda não conhece o meu blog e acabou caindo aqui de forma inadvertida, quero convidá-lo a ler alguns posts anteriores e conferir resenhas mais edificantes sobre a verdadeira música. Lendo sobre The Gracious Few, Bon JoviRoxette você vai ganhar mais.
     Dito isto, adianto que este post poderia ser mais um apanhado sobre essa modalidade nefasta que atende pelo nome de "funk carioca". Seria fácil citar aqui as batidas repetidas, as letras de gosto duvidoso e a irritante e já tradicional desafinação dos vocalistas (se é que dá pra chamá-los assim). Mas pô, já fizeram isso. Eu estaria sendo bastante repetitivo e espancando cachorro morto. Então por que ceder espaço no meu blog para os tais Avassaladores? Simples. De forma também inadvertida acabei vendo o vídeo da canção Sou Foda e a coisa não saiu da minha cabeça. "Pra-pra te enlouquecer, pra te enlouquecer, todas-todas que provaram não conseguem esquecer, sou foda!" Ahhhhh, quero uma lobotomia! Tira isso da minha cabeça! Tenho que compartilhar com alguém, não gosto de sofrer sozinho. Mas é sério, fico impressionado como essa galera consegue fazer esse tipo de música e chamar a atenção até de quem abomina. Só pode ser coisa do capeta.
     Se ainda assim você pretende prosseguir e acompanhar essa performance hilária, vai em frente. As gargalhadas já estão garantidas, difícil vai ser expurgar o refrão da cabeça. Ah, e pensando bem, mesmo ridículo, esse funk aí carrega mais honestidade do que muitas bandinhas de rock do cenário atual. Agora é só clicar e se preparar para a lavagem cerebral.



ATUALIZADO: Graças ao parceiro Paulo Carvalho é possível tirar essa coisa da cabeça clicando aqui nesse site bem legal que escolhe uma canção ainda mais chiclete de forma aleatória e a toca pra você. Agora fiquei com a Beyoncé na cabeça. Menos mal, não? hehehe Valeu Paulão!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Resenha - Música (Roxette - Charm School)

Capa da nova bolacha do Roxette
     Que fim levou o Roxette? Se você se cansou de fazer essa pergunta nos últimos anos já pode respirar fundo e preparar a emoção, pois eles estão de volta! E esse "de volta" aí é aquele que dá direito a álbum de inéditas e turnê mundial com passagem pelo Brasil.
     Pra quem ainda não conhece (sacrilégio), o Roxette é uma dupla sueca de pop com pegada de rock formada por Marie Fredriksson e Per Gessle nos anos 80. Com riffs de guitarra contagiantes e baladas românticas certeiras o Roxette caiu nas graças do mundo, construindo uma carreira brilhante e embalando as nossas vidas com os seus hits. Quem nunca tentou assobiar em Joyride? Mexeu o esqueleto ouvindo The Look? Ou mesmo pensou naquela paixão de colegial ao som de Listen To Your Heart? Se você é mentalmente são e viveu no planeta Terra nas últimas décadas, com certeza já ouviu algum sucesso deles.
     Charm School (2011) é o novo álbum de inéditas do Roxette, que não lançava um desde Room Service de 2001. Foram 10 anos de espera e é natural que as expectativas dos fãs sejam as melhores possíveis, mas é prudente manter os pés no chão. Dificilmente elas serão superadas. O álbum é bem fraco em relação aos outros da banda. E que fique bem claro isso, porque se fomos compará-lo aos álbuns recentes dos artistas pop da atualidade ele quase ganha o status de obra-prima. Não é toda banda que se dá o luxo de só ser comparada a si mesmo e o Roxette é uma delas. O novo álbum tem suas pérolas e seus bons momentos. Não há surpresas. São várias canções genéricas de outros sucessos da banda. Mas ainda é o Roxette e é muito emocionante ouvir algo novo da banda após um jejum tão longo e perceber que os danados ainda dão um caldo. Isso mesmo, ainda há fôlego e ainda considero a voz da Marie Fredriksson uma das mais belas e sexys do mundo da música. Certa vez comentei com uma amiga, fã da Christina Aguilera, que imaginava o inferno que devia ser dormir e acordar com aquela voz de "gralha" no seu ouvido fazendo aquelas vocalizações cheias de "piruetas" desnecessárias e pedantes. Daí citei a Marie como um exemplo do contrário. Seria como acordar no paraíso. E o Per continua com a sua voz quase robótica da mesma escola dos Pet Shop Boys e entrega bons momentos com sua guitarra. Então se você é um fã, assim como eu, abra o coração, deixe a expectativa de lado e encante-se novamente com o Roxette. E se você ainda não conhece aproveita pra fazer a lição de casa. Em breve eles pintam no Brasil e vai pegar mal pra você.

O poeta Per Gessle e a dona da voz mais sexy do pop Marie Fredriksson

E para os mais interessados, segue o meu tradicional (hehe) faixa a faixa da nova bolacha do Roxette.

01.Way Out
Bom começo de álbum. Way Out cumpre o seu papel da pegada pop/rock característica da banda com uma letra bem bacana e a guitarra chupada de Joyride. Só peca um pouco por te preparar demais pra uma possível explosão que nunca acontece. A música acaba com esse gosto de "Já? Só isso?".

02.No One Makes It On Her Own
Candidata disparada para o próximo single. Exemplo genuíno de uma balada Roxette. A belíssima voz da Marie em plena forma numa melodia magnífica. Me lembrou Salvation do álbum (e que álbum) Have A Nice Day de 1999.

03.She's Got Nothing On (But The Radio)
Escolha acertada para o primeiro single do álbum. Tem energia, riff de guitarra chiclete e é altamente dançante. Impossível ouvir sem se mexer. Lá embaixo você confere o clipe dela.

04.Speak To Me
Que beleza hein? Arrepiante. São praticamente duas músicas em uma. O Per canta a cama e a Marie o belo refrão. Com uma voz dessa nem precisava ter uma letra tão bela. Podia ser sobre os chás do Butão que todos prestariam atenção do mesmo jeito. Ah, a semelhança com Wish I Could Fly (belíssima) do Have A Nice Day de 1999 é grande.

05.I'm Glad You Called
Instrumental intimista em uma canção que facilmente remeterá a Anyone do já falado Have A Nice Day de 1999. Mais uma vez quando o Per entra com o seu "Look Around..." a impressão é a de se ter duas canções em uma.

06.Only When I Dream
É aumentar o som e fechar os olhos. Nostalgia total. Roxette numa ótima forma com vários dos elementos que o faz único. Mais uma vez a Marie detona no refrão matador.

07.Dream On
Rock manso descompromissado e bem executado com todos os clichês do gênero para o Per Gessle ficar feliz e balançar a cabeça.

08.Big Black Cadillac
Instrumental bacana e mais uma ótima performance da Marie no refrão, porém não passa muito disso. Tem tudo pra ser uma das ignoradas nas audições.

09.In My Own Way
E a invocação de sucessos antigos não pàra. Você não está louco. A semelhança com Crash! Boom! Bang! do álbum homônimo de 1994 é real. Ainda assim uma bela atuação de Marie em mais uma que deve arrepiar e fazer a cabeça dos apaixonados. 
Marie Fredrickson ainda dá um caldo

10.After All
Clara homenagem aos Beatles. Vemos aqui um mix de alguns sucessos dos garotos de Liverpool como With A Little Help From My Friends e Maxwell's Silver Hammer. Achei desnecessária. Mais uma com fortes chances de ser ignorada.

11.Happy On The Outside
Já imaginou juntar Coldplay com Roxette? Não precisa mais imaginar. Ouça essa Happy On The Outside e perceba o pianinho e batera de Clocks se misturando ao jeito Roxette de fazer canções. O resultado é surpreendentemente bom. 

12.Sitting On The Top Of The World
Algum espertão vai dizer: "Que instrumental furreca, posso fazer melhor com meu Fruit Loops versão beta aqui". Acontece parceiro que esses singelos pianinhos estão acompanhados da voz e interpretação da Marie. Já era. Ninguém faz igual. Bela canção de encerramento. Dá vontade de deitar a cabeça no travesseiro e viajar na imaginação. Vida longa a vocês Marie e Per. 

Confere aí o novo vídeo deles. She's Got Nothing On (But The Radio). E faz o favor de aumentar o volume.



Site oficial da banda:
http://www.roxette.se/

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Resenha - Cinema (Cisne Negro)



     Nunca pensei que fosse me interessar por um filme que tem como pano de fundo o balé. Bem, na verdade o que mais me motivou a ver a película foi toda essa falação sobre a impecável atuação da atriz Natalie Portman (a tão falada cena de sexo lésbico também ajudou, né?). Acontece que nunca duvidei da competência dessa jovem e belíssima atriz. Me lembro com carinho quando a vi debutando no cinema ao lado de Jean Reno no filmaço O Profissional (Léon The Professional, 1994) e fiquei abismado com a atuação daquela garotinha de 12 anos. O tempo passou e tive o prazer de vê-la bem mais crescida (e bota crescida nisso) no ótimo Closer - Perto Demais (Closer, 2004) onde, na minha opinião, ela dá um verdadeiro show de strip...ops... interpretação. Resultado: virei fã. Se na ocasião de Closer ela nadou e morreu na praia (foi indicada ao Oscar 2005 de melhor atriz coadjuvante mas perdeu para a Cate Blanchett) agora a estatueta careca é mais do que certa.
     Cisne Negro (Black Swan, 2010) conta a história de Nina (Natalie), bailarina de um grupo de dança renomado que treina incessantemente para conseguir o papel principal do espetáculo "O Lago dos Cisnes". Vendo por esse ângulo parece uma proposta simples, mas na verdade a história vai ganhando um tom pesado sobre paranóia, insanidade e até onde alguém pode chegar para conseguir a perfeição naquilo que faz. O "visceral" é levado bem a sério aqui. O diretor Darren Aronofsky do recente e cultuado O Lutador (The Wrestler, 2008), entrega um filme que te prende do começo ao fim com uma trilha perfeita e uma câmera trêmula que nos aproxima ainda mais das cenas.  Nunca um cortar de unhas me deu tanto calafrio quanto em Cisne Negro.

Nina (Natalie Portman) e seu instrutor nada burro Thomas (Vincent Cassel)

     O elenco é bastante competente. Temos a Mila Kunis convencendo bem no papel de Lily, a rival de Nina, o talentoso Vincent Cassel vivendo Thomas, um instrutor de balé memorável e ainda a sumida Winona Ryder como a bailarina Beth. Mas é a Nina de Natalie Portman que saltam os nossos olhos. A sua metamorfose é sentida a cada cena.

Natalie Portman emagrece, aprende balé e ainda mostra a sua elasticidade assim. Oscar garantido.

     Cisne Negro é aquele tipo de filme que nos deixa angustiados e o trunfo é que essa é a intenção. Ah, e sobre a cena de sexo lésbico. Bem, ela está lá, mas o curioso é que o filme é tão maior e te deixa tão imerso que o impacto da cena pode ser completamente diferente do que se imagina.
     Se você estiver a fim de ver um filme curioso e muito bem dirigido, além de testemunhar a atuação que vencerá o Oscar desse ano, fique à vontade. Cisne Negro é uma ótima pedida.

Natalie Portman (Nina) e Milla Kunis (Lily) em promoção do filme